[media-credit name=”Falco” align=”alignleft” width=”230″][/media-credit]A humanidade se encontra, hoje, em um de seus pontos de virada. Da mesma forma que aconteceu quando descobrimos o fogo ou inventamos as máquinas a vapor, somos convidados, agora, a romper com antigos modelos e abrir espaço para o novo. Para o melhor. Assim como no passado, a realidade e suas demandas nos empurram na direção das mudanças. Precisamos estar atentos para não deixar a oportunidade passar. As consequências deste deslize podem ser fatais.

As mudanças climáticas desencadeadas pela ação do homem têm mudado a face do nosso planeta e desencadeado tragédias em níveis até então inéditos. As chuvas torrenciais que castigaram diversos países ao redor do globo nos últimos meses são provas incontestes disso. Secas inéditas também têm sido registradas. São mostras de que o clima já não é mais o mesmo. E medidas urgentes precisam ser tomadas para reverter esse quadro. Precisamos assumir nossos papeis de gestores da história humana. Sujeitos de nossas trajetórias. Agentes de uma obra cujo fim ainda paira indefinido.

Ainda temos um longo caminho pela frente. A questão dos impactos ambientais do atual modo de produção é delicada e seria ingenuidade acreditar em respostas fáceis ou soluções simplistas. Precisamos agir com relação a isso, não há dúvida. No entanto, todo cuidado é pouco no sentido de escolher um caminho que, efetivamente, signifique uma mudança positiva nos paradigmas vigentes.

Não estamos parados, é verdade. Todos os dias um número maior de pessoas se compromete com a construção de um mundo pautado em valores sustentáveis. Cada vez mais é possível acreditar em transformações significativas em nosso sistema produtivo sem, com isso, diminuir os níveis de competitividade ou deixar de atender as demandas do mercado. Enfim, acordamos para a necessidade de construir uma sociedade mais verde. Espero que não seja tarde demais.

As iniciativas de negócios sustentáveis, embora tenham crescido consideravelmente nos últimos anos, representam apenas uma pequena parte do volume produzido em todo o mundo. A principal causa deste desempenho tímido é a falta de disseminação de informações corretas sobre as potencialidades e benefícios de se investir em produtos ecologicamente corretos. E há espaço para isso: uma pesquisa realizada pela consultoria Kantar Worldpanel, nas 16 maiores cidades da América Latrina, mostrou que 76% dos consumidores estariam dispostos a pagar mais caro por produtos ambientalmente responsáveis. Precisamos agir no sentido de combater a desinformação que limita este avanço e provar que é possível aliar crescimento econômico a mudanças na cadeia produtiva.

O tema é para lá de relevante e não apenas para as pessoas ligadas diretamente à área. Um levantamento feito pela National Geographic Society em conjunto com o instituto de pesquisa GlobeScan, envolvendo consumidores de 17 países do mundo, aponta que os brasileiros são os que mais se preocupam com a extinção de espécies e perda do hábitat dos animais, com 75% do total de ouvidos. Além disso, 67% dos brasileiros acreditam que sua vida mudaria para pior com os impactos do aquecimento global. Um número 22% acima da média mundial.

O momento nunca foi tão favorável para aqueles que pretendem investir em negócios sustentáveis. É preciso avançar nesse cenário dinâmico e que ainda oferece quase que infinitas oportunidades. Incentivar pesquisas e desenvolver novas técnicas de produção. Discutir com quem já faz e desbravar esse universo que se estende à nossa frente esperando para ser descoberto. A demanda existe. Cabe aos interessados criarem a oferta. O Planeta e as futuras gerações agradecem.

* Ricardo Guggisberg é gestor da MES Eventos e idealizador da Eco Business 2011 Feira e Negócio Internacional de Econegócios e Sustentabilidade, que acontece entre os dias 1 e 3 de junho, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo.