A arquitetura do desenvolvimento sustentável no Brasil

Neuza Árbocz, da Envolverde, especial para o Instituto Ethos
Neuza Árbocz, da Envolverde, especial para o Instituto Ethos

 

Luciano Coutinho, presidente do BNDES, encerra Conferência Ethos 360° reafirmando compromisso com agenda pelo clima

A Conferência Ethos 360° chegou ao fim com um momento especial, como definiu Jorge Abrahão, diretor-presidente do Instituto Ethos, ao anunciar a palestra especial de Luciano Coutinho, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES). “Sendo o maior na sua categoria no mundo, esse banco pode atuar como um grande indutor de novas práticas necessárias”, afirmou.

Luciano Coutinho começou destacando a premência de uma arrancada firme na direção da sustentabilidade e observou que ainda não existe uma arquitetura capaz de levar a uma redução significativa de emissão de gases poluentes. “É preciso pensá-la em nível global”, defendeu o dirigente, que vê sinais positivos para que um novo acordo climático seja assinado em 2015, na Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU).

“Os EUA, que sempre resistiram a metas de redução de emissões de carbono, definiram recentemente tetos para suas termoelétricas a carvão. Esse é um primeiro movimento favorável”, avaliou, lamentando a perda do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDLs), desmobilizado após a crise financeira de 2009. “Precisamos de um sistema que precifique para taxar quem polui e recompensar quem poupa”.

Quanto ao Brasil, Coutinho destacou que o país já assumiu compromissos significativos e que o BNDES aplica critérios de sustentabilidade para financiamento e mantém linhas específicas para setores chaves, como a transformação de matriz energética para fontes limpas e renováveis, reflorestamento e saneamento básico, além de incentivar novas tecnologias, capazes de trazer mais eficiência e reduzir desperdícios.

“A melhor energia é a poupada”, afirmou, defendendo o aprimoramento dos processos industriais e novos modelos de negócios na agricultura e pecuária. Ele vê, no Brasil, várias áreas a incentivar e outras a desestimular. “É preciso mimetizar mecanismos de mercado, para induzir mudanças. Temos o compromisso, como banco de desenvolvimento, de levar a agenda sustentável à frente e o temos feito também através de fundos especiais”.

Como exemplo, ele citou o Fundo pela Amazônia, que já direcionou R$ 700 milhões em projetos. “Temos um horizonte até 2020 de trabalho com esse órgão, financiando reflorestamento com nativas e produção de sementes, combinados com agricultura ecológica e processos de vigilância e coibição de desmatamento”.

Coutinho aproveitou para explicar que foi feito, até o momento, o mais ‘fácil’: controlar as queimadas. Resta agora conter o desmatamento de ‘formiguinha’, feito sob as grandes copas até mesmo por agricultores familiares. “Precisamos de mais esforços e fomentar outras atividades economicamente rentáveis com a floresta em pé. Temos grande interessante nessa área e estamos iniciando apoio à aquicultura na Amazônia”, acrescentou. Lembrou que, além desse bioma, a Mata Atlântica também conta com um fundo específico para sua preservação.

Quando indagado sobre os investimentos do banco no exterior, o executivo esclareceu que existem recursos para apoiar empresas brasileiras dentro e fora do país, cuidando para que haja sempre um retorno de benefícios para o Brasil.

* Neuza Árbocz, é repórter da Envolverde, especial para o Instituto Ethos.

** Publicado originalmente no site Conferência Ethos 360°.