O novo modelo econômico da Suécia

Novo modelo sueco difere do estereótipo esquerdista. Foto: Reprodução/Internet

Um pouco mais desigual, muito mais eficiente.

O país mais igualitário do mundo está se tornando um pouco mais desigual. O coeficiente de Gini para renda disponível é agora 0,24; ainda muito mais baixo que a média de 0,31 do mundo rico, mas cerca de 25% maior do que há uma geração. Este aumento tem causado bastante angústia em um país que tem uma autoimagem firmemente igualitária. Um grupo esquerdista gerou repercussão na mídia ao organizar um passeio de ônibus chamado de “safári de classe” em Saltsjöbaden e Fiksätra. Líderes da oposição insistem que que o partido de centro-direita que está no poder está transformando a Suécia nos EUA.

Anders Borg, o ministros das finanças, discorda veementemente. Segundo ele a Suécia deixou de ser uma sociedade estagnada baseada em pensões para se tornar uma vibrante economia moderna com um aumento de desigualdade extraordinariamente baixo. Ele afirma que a experiência do país prova que dinamismo e igualitarismo não precisam estar em oposição.

Os fatos confirmam as opiniões do ministro. A desregulação, disciplina orçamentária e uma extensa reforma do estado de bem-estar social desde a crise bancária da década de noventa transformaram o país. O novo modelo sueco é bastante diferente do estereótipo esquerdista.

O capitalismo na Suécia não é inerentemente muito mais igualitário que em outros países. Antes das medidas do governo, o coeficiente de Gini para a população economicamente ativa é 0,37, número próximo à média da OECD e maior que o da Suíça. As disparidades de salários são menores que nos países anglo-saxões, graças a acordos centralizados entre sindicatos e empregadores que estabelecem salários mínimos em muitos setores. Os altos salários dos CEOs não aumentaram tão pronunciadamente como nos EUA. No entanto, a Suécia esteve na vanguarda em muitas das mudanças sociais que acirraram a desigualdade em outros países, tal como o declínio do casamento.

A principal fonte de igualitarismo na Suécia (e nos outros países da Escandinávia) é a redistribuição estatal. Sob o antigo modelo de bem-estar social, as pessoas pagavam altos impostos e recebiam em trocas muitos serviços sociais e altas transferências. O nome modelo, grosso modo, manteve boa parte dos serviços, mas cortou os impostos e as transferências.

Graças à desregulação, disciplina orçamentária e uma extensa reforma do estado de bem-estar social, a economia sueca foi transformada nas últimas duas décadas. No entanto seria ingênuo pensar que o modelo do país poderia ser reproduzido em outros lugares. Os cidadãos suecos são excepcionalmente comprometidos com a coesão social e estão dispostos a pagar por um Estado grande.

* Publicado originalmente na The Economist e retirado do site Opinião e Notícia.