Estímulo à criatividade na infância gera adultos bem-sucedidos, diz pesquisa

Atividades criativas elevam em 17% as possibilidade da criança futuramente cursar uma faculdade e ter bom emprego. Foto: EpSos.de

 

Quando bem direcionada, a hora do recreio pode ser tão importante quanto às aulas. A constatação é de um estudo realizado pela Fundação Botín, na Espanha. O relatório indica que as atividades criativas têm impacto fundamental na vida adulta de uma criança: uma educação rica em artes pode elevar em 17,6% as chances de ingresso no ensino superior e de um bom emprego.

No sentido contrário, a ausência de atividades criativas pode aumentar em cinco vezes as chances de um jovem ser dependente de ajuda financeira ou assistência pública. O estudo, denominado Bom Dia Criatividade, foi lançado em Madri (Espanha) e teve colaboração de especialistas de diversos países.

A pesquisa destaca ainda que os ambientes naturais estimulam mais a criatividade do que os parques infantis construídos artificialmente, uma vez que não delimitam as brincadeiras. Outro ponto enfatiza os benefícios dos centros de arte, que ajudam a desenvolver a comunicação pessoal e a inclusão social dos jovens.

Uma pesquisa realizada com mais de 25 mil estudantes, realizada por James Catterall, professor de educação na Universidade de Califórnia, nos EUA, verificou que os mais envolvidos com artes faltam menos e se sentem mais felizes na escola, além de demonstrarem mais interesse em ler, escrever e realizar operações matemáticas complexas.

A criatividade aumenta ainda em 15,4% a probabilidade desses jovens se engajarem em trabalhos voluntários, em 8,6% a chances de criarem amizades mais sólidas ao longo da vida e em 20% o interesse em votar.

Uma das autoras do relatório, a sueca Martina Leibovici-Mühlberger, doutora em questões de família, afirma que as crianças já nascem com uma “incrível capacidade de aprender, pensar e interagir com o mundo de forma criativa”, mas são podadas durante o processo de educação para a “vida real”.

Segundo ela, hábitos como o da comparação, classificação, avaliação, culpa, crítica são responsáveis pela perda de 70% das capacidades inatas das crianças. “Na realidade, eles não perdem as habilidades, mas elas ficam mais adormecidas”, pondera a especialista.

* Publicado originalmente no site EcoD.