Alunos que usam Twitter são mais comprometidos

Os professores que desconfiam do tempo que os alunos gastam no Twitter precisam rever seus conceitos. Pelo menos é o que defende Christine Greenhow, da Universidade do Estado de Michigan, em seu trabalho recém-divulgado Twitteracy: Tweeting as a New Literary Practice (Tweetalfabetização: Tuitar como uma Nova Prática de Letramento, em livre tradução). Em sua análise, a pesquisadora reuniu dados para mostrar que alunos que usam o microblog são mais comprometidos com os estudos e conseguem notas melhores.

A análise tentou responder a três perguntas básicas: Como e com que resultados os jovens usam o Twitter para seu aprendizado formal ou informal? O Twitter pode ser considerado uma nova prática para letramento? Como práticas para letramento no Twitter se alinham às tradicionais do currículo? Para tanto, Christine analisou artigos acadêmicos sobre educação, tecnologia, letramento e mídias sociais. O interesse da pesquisadora pelo tema ocorreu pela relevância social do Twitter: são 200 milhões de usuários ativos postando 175 milhões de tweets por dia; entre os americanos que usam a internet, 16% dos adolescentes (entre 12 e 17 anos) e um terço dos adultos jovens (18 a 29) usam o microblog.

Foto: Joelaz / Flickr.com

Assim, com tantos jovens se apropriando da plataforma, muitos aprendizados, formais ou informais, acabam ocorrendo. De acordo com a pesquisa, estudantes lançam mão do Twitter para discutir com colegas assuntos relacionados ao que estão estudando, além de aproveitarem a característica de a comunicação ser feita em tempo real para estreitar laços com seus pares, com professores e até com especialistas que mantém perfil ativo no microblog. Os resultados a que os estudantes chegam – e isso responde a primeira pergunta da pesquisa – é que essa dinâmica acaba por engajar mais o jovem no seu aprendizado, tornando-o mais ativo na busca pelo que quer aprender e, por consequência, suas notas se elevam, eles se comunicam com mais facilidade e aprendem a respeitar a diversidade.

“Os alunos se comprometem mais porque eles sentem que estão se conectando com algo real. Não é só aprender por aprender”, disse Christine. OK, as notas dos meninos aumentam, mas será que dá para considerar o Twitter uma nova forma de letramento, perguntou-se a pesquisadora. Em suas buscas por responder a essa questão, Christine descobriu que esse é um fenômeno social recente ainda não amplamente abordado pela academia. Apesar disso, ela parece não ter dúvidas. “Uma das maneiras de julgar se algo é uma nova forma de letramento ou uma nova forma de comunicação é saber se ele permite novos atos sociais que não eram possíveis antes. O Twitter mudou práticas sociais e a maneira pela qual nos comunicamos? Eu diria que sim”, afirmou a pesquisadora.

Sobre os possíveis diálogos entre as formas tradicionais de letramento e essa trazida pelo Twitter, assunto que foi alvo do terceiro questionamento da pesquisa, Christine apontou outros estudos que sugerem que há muitas interseções entre o velho e novo. A possibilidade de troca nas redes sociais – e aqui a pesquisadora inclui também o Facebook e o MySpace – pode abrir oportunidades para desenvolver a linguagem tradicional e a proeficiência dos estudantes, aproveitando esse espaço dinâmico e informal de interação. Nesses momentos mais relaxados on-line, os estudantes desenvolvem seu estilo na escrita, são estimulados a se expressar e emitir opiniões, são mais criativos e correm mais riscos na construção dos textos.

* Publicado originalmente no site Porvir.