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Chipre corre contra o relógio para evitar bancarrota

Doha, Catar, 20/3/2013 (IPS/Al Jazeera) – Líderes políticos em Chipre buscam uma alternativa para evitar a bancarrota, depois que o parlamento rejeitou um plano internacional de resgate. O presidente, Nicos Anastasiades, se reuniu ontem com dirigentes partidários e autoridades do Banco Central para discutir ideias sobre como reunir os milhares de milhões de dólares necessários para superar a crise. Anastasiades também se reuniu com representantes dos potenciais credores, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a União Europeia (UE). No entanto, não foi divulgada nenhuma declaração sobre o resultado desses encontros.

As conversações aconteceram um dia após o parlamento rejeitar terminantemente os termos fixados por UE e FMI para um pacote de resgate de US$ 13 bilhões, no qual se exigia reter até 10% dos depósitos de poupança dos cipriotas. O plano recebeu 36 votos contra, nenhum a favor e 19 abstenções. Por sua vez, o ministro das Finanças, Michael Sarris, pediu ajuda à Rússia para evitar a catástrofe. Muitos bancos e cidadãos russos investem fortemente nesse pequeno país insular do Mediterrâneo.

O porta-voz do governo cipriota, Christos Stylianides, divulgou o início de uma reunião com o Banco Central para discutir um “plano B” e como reunir os US$ 7,5 bilhões que devem ser obtidos em nível local. O vice-governador do Banco Central, Spyros Stavrinakis, explicou que ainda não está decidido quando os bancos reabrirão, os quais fecharam no fim de semana passado, e disse que ainda não foi apresentado formalmente nenhum plano alternativo ao FMI e à UE.

No entanto, Sarris esclareceu que ainda não se chegou a um acordo de financiamento com seu colega russo, Anton Siluanov, mas afirmou que as conversações continuavam. Além disso, funcionários cipriotas revelaram que o ministro da Energia estava em Moscou, por ocasião de uma exposição sobre turismo. Chipre descobriu grandes reservas de gás em suas águas territoriais, perto da costa com Israel, mas ainda não as desenvolveu. “Continuaremos nossas discussões para encontrar uma solução para a qual esperamos obter algum apoio”, destacou Sarris após suas conversações iniciais com Siluanov.

Por sua vez, o Ministério das Finanças da Áustria deixou claro que o Banco Central Europeu pode retirar o apoio de emergência que dá aos bancos cipriotas depois que o plano de resgate foi rejeitado. Foi a primeira vez que uma assembleia legislativa nacional rejeitou as condições da ajuda europeia, que tinham a particularidade de exigir que os poupadores com contas em Chipre colocassem fundos em contrapartida.

Nos últimos três anos, Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália aceitaram medidas de austeridade impostas pelo bloco. O Banco Central Europeu disse que, no momento, continuará permitindo que instituições bancárias de Chipre tenham acesso a crédito. Porém, analistas alertam que se um resgate não for aprovado nos próximos dias esse apoio será cortado. Envolverde/IPS

* Publicado sob acordo com a Al Jazeera.