Conferência Ethos lança desafio de para os próximos 15 anos

Na abertura, executivos destacam que sociedade pauta oportunidades para as empresas

Executivos do Ethos: Sérgio Mindlin (Conselho Deliberativo), Jorge Abrahão (presidente), Paulo Itacarambi (diretor-vice-presidente) e Henrique Lian (coordenador geral) / Foto: Fernando Manuel
Executivos do Ethos: Sérgio Mindlin (Conselho Deliberativo), Jorge Abrahão (presidente), Paulo Itacarambi (diretor-vice-presidente) e Henrique Lian (coordenador geral) / Foto: Fernando Manuel

 

Na 15ª edição da Conferência Ethos, que acontece em São Paulo, de 3 a 5 de setembro, o grande desafio é mostrar para as empresas e para a sociedade em geral que boas práticas em sustentabilidade geram valor, contribuem para a construção de futuro e estruturam conhecimentos para as mudanças. Na abertura do evento, no Instituto Tomie Otake, na zona oeste da Capital paulista, os principais executivos do Instituto Ethos apresentaram as diretrizes para o trabalho com as empresas para os próximos anos. Para eles é importante que empresas que já estão na vanguarda do conhecimento e das práticas em sustentabilidade atuem para comprometer suas cadeias de valor com o tema.

Jorge Abraão, presidente do Ethos, colocou que existem grandes oportunidades para as empresas a partir das demandas da sociedade. Para isso é necessário buscar a construção de negócios sustentáveis e não apenas atuar em processos. Ele apontou em sua fala de abertura da Conferência Ethos 2013 que pesquisas realizadas por pesquisadores da Universidade de Harvard (EUA) apontam que as empresas mais comprometidas com o tema geram o dobro da riqueza que outras que ainda não se apropriaram desses valores. “Quando sustentabilidade deixa de ser um departamento e entra na gestão estratégica da empresa, é o real momento da mudança”, explica Abraão.

Para Sergio Mindlin, presidente do Conselho Deliberarivo do Ethos, a humanidade tem o conhecimento e as ferramentas para sua autopreservação, isso em um mundo onde mais de 99% das espécies existentes desde o surgimento da vida na Terra estão extintas. Para ele, não basta mais as pessoas e empresas fazerem o certo. Citando Winston Churchill, o primeiro ministro inglês do período da II Guerra Mundial, Mindlin disse: “Há momentos em que é preciso fazer o necessário”. Mesmo com essa visão realista de que é preciso avançar mais rapidamente na implantação de modelos de negócios ambientalmente mais amigáveis e socialmente mais responsáveis, o executivo é otimista ao falar do futuro. “Quero pensar no mundo onde meus netos viverão e quero que seja um bom mundo. É preciso então que a nossa geração seja mais incisiva na produção de mudanças”, explicou.

O questionamento sobre o que está sendo feito e o que deve ser feito foi um dos eixos da apresentação de Paulo Itacarambi, diretor-vice-presidente do Ethos e diretor executivo do UniEthos, para quem é preciso fazer uma reflexão sobre os caminhos adotados e os rumos a serem seguidos nos próximos anos. Ele explica que há três importantes forças para as mudanças: o sistema político, o movimento cultural e os negócios. É justamente nessa terceira opção que o Ethos decidiu avançar, criando não apenas indicadores capazes de balizar a ação das empresas em direção à sustentabilidade, mas também ajudar a criar ambientes de negócios comprometidos com os resultados nessa área. “As mudanças não ocorrerão apenas porque as pessoas querem. É preciso oferecer um ambiente favorável à transformação”, explica Itacarambi. Para ele, as boas práticas trazem valor para as empresas. O desafio é estabelecer uma métrica, “porque o sucesso do modelo de economia e negócios sustentáveis vem do sucesso das empresas que o abraçam”, explica.

Para o gerente executivo Henrique Lian, esta conferência de 2013 pretende mostrar como experiências que já estão acontecendo podem servir como referência ou modelo de atuação para a construção de novos negócios sustentáveis. Lian explica que a Rio+20, que mobilizou o mundo no ano passado, deixou marcas nas empresas e governos: “Não se vive uma conferência daquele tamanho impunemente”, brincou. Disse ele que os desafios que ficaram da Rio+20 se refletem principalmente na necessidade de mais velocidade e mais escala nas transformações. Dentro das empresas todas as áreas e departamentos precisam saber identificar e fortalecer os valores da sustentabilidade. “Talvez as principais forças transformadoras da sociedade não sejam mais o medo e a culpa, mas sim o desejo”, conta Lian, para quem o importante é espalhar este sentimento pela sustentabilidade entre empresas, sociedade e governos. (Envolverde)

* Publicado originalmente no site Conferência Ethos 2013.