Derretimento do Ártico acelera

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Já há algum tempo se sabe que o gelo do Ártico está desaparecendo, mas a velocidade com que isso está acontecendo vem surpreendendo cientistas: os estudos mais recentes mostram que a região está mais quente hoje do que esteve em qualquer momento dos últimos 40 mil anos

Segundo um trabalho publicado no periódico Geophysical Research Letters, a temporada com pouca presença de gelo marinho no Ártico está ficando mais longa a uma média de cinco dias a cada dez anos. Além disso, em algumas áreas o congelamento das águas no outono está acontecendo mais tarde, a uma média de 11 dias por década.

Sem a presença do gelo, uma grande porção da região polar está absorvendo calor ao invés de refleti-lo. É um ciclo vicioso: com mais calor sendo absorvido, menos gelo se forma e ainda mais calor é absorvido no ano seguinte. Isso explica por que o gelo no Ártico está se retraindo e ficando mais fino.

No estudo desta semana, pesquisadores monitoraram esse processo e descobriram que plantas que estavam congeladas há mais de 40 mil anos agora estão em contato com a atmosfera. Isso seria uma evidência de que o Ártico está mais quente hoje do que do que em qualquer momento dos últimos 40 mil anos.

Esse aquecimento ameaça animais que precisam de ciclos estáveis nas estações para sobreviverem, e está acontecendo de forma tão acelerada que, nas próximas quatro décadas, poderemos ver o oceano polar totalmente sem gelo durante o verão.

Julienne Stroeve, da Universidade de Londres, forneceu ainda mais dados sobre o aumento da velocidade do degelo em seu estudo.

Através da análise de imagens de satélites dos últimos 30 anos em uma área de 25 quilômetros quadrados, Stroeve e seus colegas descobriram que, em alguns pontos, a temporada de derretimento está até 13 dias mais longa.

“A extensão do gelo marinho no Ártico está em declínio nas últimas quatro décadas”, afirmou Stroeve, “e a mudança no período em que o gelo começa e termina a derreter tem um grande impacto sobre a quantidade de degelo perdido a cada verão. Com o Ártico ficando acessível por períodos maiores de tempo, existe a necessidade de melhorarmos a previsão de quando o gelo se formará nas águas.”

* Publicado originalmente no Climate News Network (inglês) e retirado do site CarbonoBrasil.