Economia de baixo carbono pode ser fonte de lucro, dizem especialistas

Foto: Pedro França / Agência Senado
Foto: Pedro França / Agência Senado

A economia de baixo carbono voltou à pauta da Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas (CMMC), que discutiu ontem (10), em audiência pública, a alocação de recursos e a política de investimentos em iniciativas sustentáveis com representantes de instituições financeiras e do Ministério da Fazenda. Um negócio que pode trazer lucros e garantir a preservação do planeta.

Nesse sentido, os bancos já adotam uma política de responsabilidade ambiental para financiar projetos de energia renovável, restauração florestal, recuperação de áreas degradadas, transporte, saneamento ambiental, tratamento de resíduos sólidos, entre outros.

O desenvolvimento dessas tecnologias contribui para a redução de gases do efeito estufa, especialmente o dióxido de carbono (CO2), e as alterações no clima da Terra.

Financiamento

Segundo Gabriel Visconti, superintendente de Meio Ambiente do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), existe um volume grande de empresas do setor privado interessadas em investimentos de impacto sustentável.
– Projetos que, por outro lado, dotam essas empresas de uma maior eficiência no uso dos seus recursos com redução de custos ou no aumento da lucratividade – disse.

Financiado pelo BNDES e vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, um exemplo é o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (Fundo Clima) que investiu R$ 174 milhões em 180 projetos ao longo de três anos para iniciativas de adaptação das populações vulneráveis à mudança do clima e de mitigação e compensação de emissões de carbono.

Por sua vez, o chefe de Responsabilidade Socioambiental do Banco Central, Rodrigo Porto, explicou que os seus funcionários estão sendo capacitados para avaliar a eficiência, as oportunidades e os riscos desse tipo de negócio para o sistema financeiro.
– Com senso crítico para avaliar se as ações e se a política são consistentes com a natureza, com os riscos e com a estrutura da instituição – disse.

Pós-2020

Para Aloísio Lopes Pereira, coordenador da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, as empresas privadas devem ser menos dependentes de políticas de incentivos, tais como subsídios, para adotar medidas de mitigação das emissões de carbono.

Por outro lado, Aloísio Lopes lembrou que o Brasil, com a redução do desmatamento e o uso crescente de energias renováveis, está próximo de alcançar o compromisso assinado no Protocolo de Quioto, para a redução de emissão de gases que causam o efeito estufa.

– Nosso olhar aqui é muito mais para uma agenda de instrumentos para uma política pós-2020, quando o perfil de emissões do Brasil será oriundo do uso da energia, quer seja nos transportes ou em atividades industriais e agropecuárias – explicou.

Mercado de carbono

O representante do Ministério da Fazenda mencionou ainda exemplos de países desenvolvidos compradores de créditos de carbono, em tonelada de CO2 (principalmente Japão e membros da Comunidade Europeia), e os que já estabeleceram um sistema de tributação de emissão, caso do México e do Chile.

O presidente da comissão, deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ), sugere para os países que consigam alcançar as metas de 2020 a criação de uma espécie de “moeda do clima” para avançar na direção de uma possível captura futura de recursos do sistema financeiro internacional.

– Moeda essa que serviria para adquirir produtos, serviços e tecnologias devidamente certificadas que levem a uma subsequente redução de emissões, assim engendrando um círculo virtuoso – argumentou.

* Publicado originalmente no site Agência Senado.