IPT pretende dominar gaseificação de biomassa até 2020

Cerca de 25% da energia química contida no bagaço pode ser atualmente transformada em energia elétrica. Foto: Alessandro Bomfim

 

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) está prestes a fechar o financiamento para a planta piloto de gaseificação de biomassa, que deverá ser construída até 2016, para começar a operar no ano seguinte, em Piracicaba, no interior paulista. O presidente do IPT, Fernando Landgraf, apresentou o projeto na segunda-feira, 17 de setembro, durante o Simpósio de Gaseificação de Biomassa, na sede da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

O evento, promovido pelo IPT e pelo Programa de Pesquisas em Bioenergia (Bioen) da Fapesp, reuniu especialistas do Brasil e do exterior para apresentar as experiências em projetar e operar plantas piloto de gaseificação. O projeto do é o maior do gênero no Brasil.

Segundo Landgraf, a planta piloto terá capacidade para processar 400 mil toneladas anuais de bagaço e palha de cana-de-açúcar. A gaseificação é um processo de conversão de combustíveis sólidos em gasosos por meio de reações termoquímicas. No caso da cana-de-açúcar, o objetivo é gaseificar o bagaço para depois gerar combustíveis, energia elétrica ou até mesmo biopolímeros.

“As plantas piloto são difíceis de construir e ainda mais difíceis de operar. Os casos de fracassos se acumulam. Mesmo assim, achamos que o risco é válido, porque o potencial brasileiro de aumento da produção de cana-de-açúcar é tão grande que precisamos investir seriamente em diversas opções bioquímicas e petroquímicas”, explicou Landgraf à Agência Fapesp.

Segundo Landgraf, o IPT está fechando o financiamento para a planta piloto, que terá financiamento de cerca de R$ 30 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), R$ 30 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), R$ 10 milhões de parceiros industriais e R$10 milhões do IPT e do governo paulista.

“O setor sucroalcooleiro cresce 5% ao ano no Brasil e a projeção é que esse ritmo deverá se manter pelo menos pelos próximos 10 anos. Já produzimos cerca de 600 milhões de toneladas por ano e com o crescimento projetado teremos que lidar com uma grande quantidade de palha e bagaço de cana. Precisamos fazer o melhor aproveitamento que pudermos dessa biomassa. Para isso, acreditamos que a gaseificação é a melhor alternativa”, justificou o especialista.

Plantas comerciais

Cerca de 25% da energia química contida no bagaço, segundo Landgraf, pode ser atualmente transformada em energia elétrica. “Supondo que pudéssemos usar o processo de gaseificação para aumentar esse aproveitamento para 50%, conseguiríamos dar uma destinação útil para uma quantidade importante de biomassa”, observou.

A previsão do IPT, segundo Landgraf, é que a tecnologia seja desenvolvida integralmente até 2020. “Nosso sonho é que a partir de 2020 a planta piloto tenha cumprido sua função e possamos implantar a primeira planta comercial de gaseificação de biomassa”, projetou.

Atualmente, faltam plantas comerciais de gaseificação de biomassa no mundo. “Há plantas piloto em vários estágios de desafio tecnológico. Os maiores investimentos estão na Alemanha, Suécia e Estados Unidos.”

* Publicado originalmente no site EcoD.