Mudanças climáticas podem deixar mais de 600 milhões de pessoas em risco de escassez de água

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Novo estudo do Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático publicado nesta semana sugere que cerca de 11% da população mundial pode enfrentar problemas de abastecimento hídrico se o aquecimento global atingir 3,5ºC.

O Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático apresentou nesta sexta-feira (13) um estudo que revela que, se as mudanças climáticas elevarem as temperaturas médias em cerca de 3,5ºC acima dos níveis pré-industriais, 668 milhões de pessoas ficarão expostas à escassez de água.

A pesquisa, publicada no periódico Environmental Research Letters, calcula que, até 2100, 11% da população viverá perto de bacias hidrográficas com escassez de água. Para os que já vivem em regiões com essa situação, os efeitos serão agravados. Segundo a análise, os locais mais atingidos serão o Oriente Médio, o norte da África, o sul da Europa e o sudoeste dos Estados Unidos.

Os resultados também apontam outros cenários, desenvolvidos a partir da combinação de simulações de 19 modelos climáticos existentes com oito trajetórias diferentes do aquecimento global. Eles variam de aumentos de temperatura de 1,5ºC a 5ºC acima dos níveis pré-industriais, resultando em um total de 152 cenários de mudanças climáticas, todos levando em conta o aquecimento até o final do século.

Um deles, por exemplo, indica que, se as temperaturas médias da Terra subirem cerca de 2ºC, ou seja, a atual meta firmada internacionalmente, cerca de 8% da população mundial, o equivalente a 486 milhões de pessoas, será exposta à escassez de água, principalmente no Oriente Próximo e Médio.

“Nossa avaliação global sugere que muitas regiões terão menos água disponível por pessoa. Mesmo se o aumento se restringir a 2ºC acima dos níveis pré-industriais, muitas regiões terão que adaptar a gestão e demanda de água a um fornecimento menor, especialmente já que a população deve aumentar significativamente em muitas dessas regiões”, colocou Dieter Gerten, principal autor do estudo.

Segundo Gerten, o principal fator desse aumento na escassez de água é a diminuição da precipitação, embora o aumento das temperaturas também possa levar a uma maior evapotranspiração da água, e, portanto, à diminuição dos recursos.

Além da escassez da água, os cientistas envolvidos na pesquisa também avaliaram o impacto que as mudanças climáticas poderão ter nos ecossistemas terrestres, procurando descobrir quais áreas serão afetadas por grandes mudanças ecossistêmicas e se essas áreas são ricas em biodiversidade ou contêm espécies únicas.

“Com um aquecimento global de 2ºC, a reestruturação dos ecossistemas é provável para regiões tais como a tundra e algumas regiões semi-áridas. Em níveis de aquecimento global de 3ºC, a área afetada por uma grande transformação ecossistêmica aumentaria significativamente e atingiria regiões ricas em biodiversidade. Mostramos com alta confiança que os hotspots de biodiversidade, tais como partes da Amazônia, serão afetados”, concluiu Gerten.

* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.