Os impactos socioambientais da exploração do gás de xisto no Brasil foram postos em xeque em debate em São Paulo promovido pelo Ibase, Greenpeace, Instituto SocioAmbientel , Centro de Trabalho Indigenista e pela Fase. Ao fim no evento, no último dia 13, em São Paulo, as entidades presentes tomaram uma posição por consenso.
– Nossa posição é de que não se realize a 12 rodada de leilões da Agência Nacional de Petróleo, no próximo dia 29 (quando a ANP vai colocar à disposição 240 blocos exploratórios terrestres distribuídos em 12 estados do país). Defendemos também que não haja qualquer exploração de xisto no Brasil, enquanto não sejam feitos estudos e debates juntos à sociedade civil para avaliar se esse processo de extração deve ser banido do país – afirmou Carlos Btitencourt, pesquisador do Ibase, acrescentando que, além das entidades organizadores do debate, outras seguiram a decisão, como a Comissão da Pastoral da Terra, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e o Movimento dos Sem Terra.
No debate, ficaram claros os riscos desse tipo de exploração. O professor Jailson de Andrade (SBPC), por exemplo, afirmou que o xisto, um gás não convencional, é muito mais difícil de se extrair, pois na extração há a necessidade de se ultrapassar o lençol freático de uma dada região, já que gás, na maioria das vezes, fica sempre sob o lençol, que pode ser contaminado por produtos químicos utilizados na operação.
_ Há que se levar em conta também que as maiores reservas de xisto estão onde há uma grande quantidade de água, e esse tipo de extração usa muito os recursos hídricos. E o cenário nacional é de que pouca disponibilidade de água para a população- disse Andrade.
Para Ricardo Baitelo, do Greenpeace, a extração de xisto não vale a pena, levando-se em conta os riscos ao meio ambiente e à saúde da população:
– Apesar do gás convencional ser menos impactante ambientalmente do que, por exemplo, a geração de energia termoelétrica, a extração de gás de xisto, através do fraturamento hidráulico, pode lançar metano na atmosfera, que contribui muito mais do que o CO2 para o aquecimento global, e ainda pode contaminar os corpos d’água”. Para nós, isso deveria inviabilizar a utilização desse tipo de energia”.
As organizações presentes ao evento vão lançar uma nota na próxima semana apresentando suas posições quanto à 12 rodada e pretendem organizar uma mobilização a fim de impedir a realização do leilão.
* Publicado originalmente no site Canal Ibase.