OACI indefere redução de emissões da aviação e prepara plano global para 2020

O aumento na concentração de gases estufa na atmosfera começou com a Revolução Industrial. Em pleno século XXI, a crise é real e o setor privado pode ajudar a combatê-la. Foto: André Bartschi/WWF-Canon
O aumento na concentração de gases estufa na atmosfera começou com a Revolução Industrial. Em pleno século XXI, a crise é real e o setor privado pode ajudar a combatê-la. Foto: André Bartschi/WWF-Canon

Os delegados da Assembleia da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) prometeram na última sexta-feira, 4 de outubro, que irão trabalhar no desenvolvimento de uma medida de mercado (MBM – market based measure) global para reduzir as emissões da aviação em 2020. Ao decidir isso, o setor perdeu a oportunidade de começar a reduzir as produções de gases imediatamente. As medidas de mercado permitem colocar um preço nas emissões de gases, seguindo o princípio poluidor-pagador, e permitem compensar emissões no setor de aviação com reduções de outras fontes.

“A ciência é clara: 2020 será muito tarde,” diz Samantha Smith, líder da Iniciativa Global de Clima e Energia da rede WWF. “Logo depois do Painel Intergovernamental recente sobre Mudanças Climáticas (IPCC), esta foi a primeira oportunidade para os governos de tomar medidas firmes e eles falharam.”

“Esperávamos que Brasil contribuísse para a construção das medidas globais para controle das emissões, mas percebemos que estava se esforçando para minar o EUETS (Sistema de Troca de Emissões de União Europeu) e ao mesmo tempo o governo estava tentando adiar e enfraquecer um acordo global sobre medida multilaterais. Agora queremos saber se o governo pretende contribuir para esforços globais mais adequados,” diz Mark Lutes, especialista em mudanças climáticas do WWF-Brasil.

O mundo esperou 16 anos por esta Assembleia para demonstrar um compromisso sério para reduzir as emissões da aviação, diz Lutes. “O que temos hoje parece um retorno muito pequeno para esse esforço. “Esperamos muito mais ambição e comprometimento do OACI ao longo dos próximos três anos, para que uma medida global com base no mercado, realmente se concretize.”

A decisão de hoje comprometeu os países membros de OACI para a possibilidade de um acordo em medidas de mercado (MBM) em 2016. “Não há nenhuma garantia. Numa altura em que os principais cientistas do clima do mundo estão nos dizendo que a mudança climática é real e está acontecendo mais rápido do que o esperado, os líderes internacionais devem aproveitar todas as oportunidades imediatas para reduzir as emissões,” diz Lutes.

* Publicado originalmente no site WWF Brasil.