Olimpíadas de Londres: sustentável, mas nem tanto

Grafite ironiza patrocinadores das Olimpíadas. Foto/Artista: Mau-mau

 

A cerimônia de encerramento será realizada apenas no dia 12 de agosto, mas não tem para onde correr: os ingleses entram para história como os primeiros a buscar a sustentabilidade em toda a história dos Jogos Olímpicos.

As medidas verdes adotadas pela organização, passando pelos critérios de construção sustentável que orientaram as sedes olímpicas, são um legado do evento e servem de inspiração (e obrigação de fazer melhor) para sedes futuras, principalmente a próxima: o Brasil, em 2016.

Apesar do esforço, os Jogos não foram tão “verdes” assim. Além da poluição, que deixou de ser controlada, apesar do esforço dos governantes, houve outras falhas na sustentabilidade das Olimpíadas. Saiba o que faltou:

  •     Patrocinadores “sujos” – Um contrato de patrocínio fechado com a empresa do setor químico Dow Chemical para o Estádio Olímpico gerou polêmica. A corporação, dona da Union Carbide, empresa responsável pelo acidente de Bophal, na Índia, é acusada de associar sua marca aos jogos para fazer “greenwashing”, marketing verde, de fachada. Outras empresas patrocinadoras, como a BP, Coca-Cola, Mc Donald’s, Dow Chemical e a Rio Tinto também são alvo de críticas.
  •     Medalhas poluentes – A polêmica com o patrocínio da Rio Tinto atingiu também as icônicas medalhas olímpicas, cujo suprimento de metais foi feito pela empresa. Com o slogan “Não deixe Rio Tinto manchar os Jogos Olímpicos”, manifestantes afirmam que a mineradora polui o ar e água com suas atividades, colocando vidas em risco. A empresa forneceu oito toneladas de ouro, prata e bronze para fazer cerca de 4,7 mil medalhas utilizadas nos jogos Olímpicos e Paraolímpicos.
  •     Energia limpa – Um relatório da WWF indicou que uma das falhas das “Olimpíadas Verde” foi o baixo investimento em energia renovável. A organização afirmou que não foi cumprida a promessa feita quando a cidade foi eleita sede das Olimpíadas, em 2005, de garantir que ao menos 20% da energia que supriria o parque olímpico viria de fontes de geração limpa instaladas em regiões próximas. Somente 9% da energia produzida localmente será renovável. Para minimizar a situação, uma semana após o início dos jogos, o Parque Olímpico de Londres recebeu sete turbinas eólicas. O sistema fornece 40% da energia necessária para iluminação das instalações olímpicas.
  •     Repressão ao Cicloativismo – Contraditoriamente ao encorajamento para que o público abandonasse o carro e fosse de bicicleta ou a pé para os jogos, a polícia londrina reprimiu um dos movimentos de cicloativismo mais tradicionais do mundo, o Critical Mass, no dia da abertura dos jogos. O encontro realizado mensalmente em Londres, sempre na última sexta-feira, com o propósito de difundir o uso das bicicletas como meio de transporte sustentável, teve 182 pessoas presas. A repressão foi validada pela Lei de Ordem Pública de 1986, que determina que a polícia pode controlar uma manifestação caso considere que “isso possa resultar em grave desordem pública, danos graves para a propriedade ou grave perturbação da vida da comunidade”.

 

* Publicado originalmente no site EcoD.