Novo relatório do IPCC provoca manifestações variadas na opinião pública

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Nesta sexta-feira (27), a primeira parte do tão esperado 5º Relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) foi lançada e promoveu uma nova onda de declarações sobre o aquecimento global.

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse que, mais uma vez, a ciência se mostrou clara. “Resumam o relatório do IPCC e é isso que vocês encontram: as mudanças climáticas são reais, estão acontecendo agora, os seres humanos são a causa dessa transformação, e apenas a ação de seres humanos pode salvar o mundo dos piores impactos. Isso é ciência, esses são os fatos, e a ação é nossa única opção.”

Kerry também colocou que seu país está profundamente comprometido em combater as mudanças climáticas e suas consequências. “O que um país faz impacta os meios de sobrevivência das pessoas em outros lugares – e o que todos nós fizermos para combater as mudanças climáticas agora determinará grandemente o tipo de planeta que deixaremos para nossos filhos e netos”, acrescentou.

“Trabalharemos com nossos parceiros em todo o mundo através de ações ambiciosas para reduzir as emissões, transformar nossa economia energética e ajudar os mais vulneráveis a cooperarem com os efeitos das mudanças climáticas.”

O famoso meteorologista Michael Mann, conhecido principalmente pela seu gráfico ‘Taco de Hóquei’, que demonstra o salto do aquecimento global no último século, também apoiou o relatório, e pediu para que os céticos parem de distorcer as evidências das mudanças climáticas.

“Acontece a cada seis anos mais ou menos: O IPCC publica sua análise do atual estado do conhecimento científico em relação às mudanças climáticas antropogênicas. Essa avaliação é baseada em contribuições de milhares de especialistas do mundo todo através de uma revisão exaustiva da literatura científica e um processo rigoroso e de vários anos de duração”, colocou.

“Enquanto isso, no período que antecede à publicação, grupos da frente da indústria dos combustíveis fósseis e seus defensores pagos se preparam para atacar e difamar o relatório, e para enganar e confundir o público sobre sua mensagem séria”, continuou.

A comissária climática da União Europeia, Connie Hedegaard, também criticou os céticos, ironizando sua descrença diante de uma certeza de 95% de aquecimento global. “Os céticos climáticos ainda nos devem uma resposta convincente: se 95% de certeza não é razão suficiente para agir, o que é então? O dia em que todos os cientistas, com 100% de certeza, alertá-los contra o clima, será tarde demais.”

De fato, os céticos climáticos não deixaram por menos, criticando aquilo que os cientistas climáticos ainda não conseguem explicar por completo, como, por exemplo, por que o aquecimento global ‘desacelerou’ nos últimos anos, embora mesmo as questões sem resposta certa apresentem pelo menos algumas hipóteses.

Nesse caso, por exemplo, o documento indica pelo menos três versões: que os oceanos estão absorvendo mais calor da atmosfera; que ainda há a variação natural das temperaturas, que ‘mascara’ os efeitos do fenômeno; e que o sol irradia energia em ciclos, e estamos em um ponto de pouca irradiação do atual ciclo.

“A questão é quanto está aquecendo? Quão perigoso é esse aquecimento? E quanto podemos fazer a respeito disso e a que custo”, questionou David Kreutzer, da Heritage Foundation.

Kreutzer ressaltou que está preocupado com os trilhões que serão gastos para resolver um problema que, segundo ele, não é tão severo e provavelmente não pode ser resolvido por humanos de qualquer forma.

Bjorn Lomborg, autor do livro O Ambientalista Cético, que discorda das políticas de combate ao aquecimento global, enfatizou que o texto não corrobora com previsões exageradas que por vezes são veiculadas.

“Isso mostra que as previsões do IPCC não apoiam previsões alarmistas do aumento das temperaturas globais que muitas vezes são da ordem de 5ºC e 1-2 metros de elevação do nível do mar – para não mencionar os seis metros de Al Gore.”

“Essa é uma chance para orientar o debate climático para uma direção mais realista e construtiva. O que precisamos é investimento em pesquisa e desenvolvimento para reduzir os custos da energia verde e aumentar sua escala. Quando a [energia] solar e outras tecnologias verdes assumirem o controle de forma barata, estaremos combatendo o aquecimento global”, concluiu ele.

* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.