Sinais de fumaça do pré-sal

Estudo do Greenpeace mapeia a dimensão da indústria brasileira do petróleo e revela que com exploração, emissões de CO2 do país podem aumentar em 197%.

Estudo do Greenpeace aponta que a exploração do pré-sal acarretará num aumento de 197% nas emissões de carbono do país até 2020.

Cerca de 200 países estão reunidos neste momento na África do Sul para decidir o futuro climático no planeta e tentar reverter a catástrofe que se apresenta. Enquanto duram as negociações na COP-17, o Brasil mantém o terceiro lugar no ranking dos países que mais emitem gases do efeito estufa. Mas esse cenário ainda pode piorar. O governo brasileiro tem como uma de suas principais bandeiras a descoberta do petróleo em camadas profundas do oceano – o pré-sal, e pretende investir pesadamente nesse combustível sujo, que será um dos responsáveis pelo aumento de 197% nas emissões de CO2 na atmosfera até 2020.

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Com base em dados de setembro de 2010 a agosto de 2011 sobre a produção dos mais de 9 mil poços atualmente em operação no país – em terra ou no mar –, um estudo recente realizado pelo Greenpeace mostrou a real dimensão da indústria petrolífera no Brasil, e a sua contribuição para a instabilidade do clima planetário.

O relatório demonstra que, neste mesmo período, o petróleo foi responsável pela emissão de 321,5 milhões de toneladas de CO2 – aqui ou nos países para onde o óleo foi exportado e refinado. A caráter ilustrativo, isso equivale a 5,7 bilhões de viagens de avião entre Rio de Janeiro e São Paulo. Essas emissões consolidarão o Brasil na incômoda posição de estar entre os três maiores emissores de gases do efeito estufa do mundo.

O impacto do investimento em energia suja é alto. Subtraindo a parcela exportada, a queima do petróleo no Brasil foi responsável por 282,6 milhões de toneladas de CO2 equivalente – aproximadamente 12% do total de gases que o país emite por ano, algo na casa dos 2,4 bilhões de toneladas.

“O Brasil tinha tudo para se tornar a potência energética limpa do planeta. Mas escolheu a estrada que leva ao passado”, afirma o coordenador do trabalho, Nilo D’Ávila. “No momento em que existe um esforço global para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis, o Brasil aposta em suas reservas de petróleo como o mais rápido atalho para o desenvolvimento econômico e social. Mas pode descobrir que entrou em um caminho sem volta, com consequências desastrosas ao meio ambiente.”

O futuro com o pré-sal

Terceiro mais emissor mundial – atrás somente de China e Estados Unidos, respectivamente – o Brasil tem tudo para se manter entre os principais responsáveis pelas mudanças climáticas, mesmo se sua principal contribuição para o problema, o desmatamento, seguir a tendência de queda dos últimos anos.

Puxado pelas reservas do pré-sal, o Brasil produzirá 6,09 milhões de barris de petróleo por dia até 2020. Isso representa 955,82 milhões de toneladas de CO2 a mais na conta das emissões mundiais – um crescimento de 197% comparado com os números atuais.

Considerando que a demanda interna será responsável por consumir 48% da produção de petróleo nacional, 488,69 milhões de toneladas de CO2 entrarão exclusivamente na fatura brasileira.

Por falar em pré-sal, suas reservas estão estimadas em até 80 bilhões de barris de petróleo. Se todo este óleo um dia virar fumaça, será responsável pela emissão de até 35 bilhões de toneladas de CO2 durante um prazo de 40 anos.

De acordo com D’Ávila, os investimentos brasileiros para petróleo e gás somarão R$ 686 bilhões até 2020. Grande parte disso será usada para viabilizar a exploração do pré-sal, já que a tecnologia atual ainda não permite, em larga escala, a extração de óleo de camadas tão profundas.

Assine e divulgue a petição: Petróleo em Abrolhos, não.

* Publicado originalmente no site Greenpeace.