Os homens são o público mais relutante em adotar ou mesmo provar produtos e refeições vegetarianas. É isso o que a ponta uma pesquisa feita em conjunto por várias universidades americanas.
O estudo, publicado no periódico Journal of Consumer Research, aponta que as dietas vegetarianas, também chamadas de dietas veganas ou simplesmente “vegans” (anglicismo cada vez mais popular no Brasil), são vistas pelos homens de forma negativa. Mais ainda: eles associam a ingestão de carne a maior virilidade.
“A cultura Ocidental faz uma associação entre masculinidade e ingestão de carne”, explicam os autores Paul Rozin, da Universidade da Pensilvânia, Julia Hormes, da Universidade Estadual de Louisiana, Myles Faith, da Universidade da Carolina do Norte, e Brian Wansink, da Universidade de Cornell.
A explicação para os resultados da pesquisa – baseados em testes diversos e entrevistas com homens de diversos níveis sócio-econômicos, culturais, e com idades variadas – mostraram que a principal percepção dos homens é que comer carne os faz mais fortes, másculos e viris. A percepção externa – de pessoas convidadas para os experimentos – também associava palavras exaltando a masculinidade de homens que eram apontados como “carnívoros”.
Os estudos foram realizados nos EUA e Reino Unido, mas houve coleta de dados em outras 23 línguas além do inglês. A quase totalidade dos questionários e entrevistas aprontavam que essas associações também aconteciam em praticamente todas as línguas.
Mas se a carne é vista como máscula, a soja é vista como o inverso. Para comer alimentos preparados com esse grão, os homens parecem enxergar que é necessário desistir de sua própria força e optar por algo fraco e inefetivo como alimento, apontam os autores.
A percepção, é bom lembrar, nem sempre reflete a realidade. Nem todo churrasco é frequentado apenas por homens másculos, musculosos e viris. Da mesma forma restaurantes vegetarianos não são o local em que apenas os fracos e franzinos veganos disputam o último espetinho de carne de soja com abobrinha.
* Publicado originalmente no site O que eu tenho.
