Nesta época do ano, em que as temperaturas ficam mais altas e o ar mais seco, é muito frequente o aparecimento dos picornavírus e dos rinovírus, causando uma grande variedade de doenças respiratórias. Os vírus são transmitidos com facilidade de pessoa para pessoa, por meio de gotículas infectadas que são expulsas ao tossir, ao espirrar e no contato direto com secreções infectadas transportadas nos dedos.

O resfriado comum é a doença infectocontagiosa viral que mais acomete o ser humano. É uma infecção viral do revestimento do nariz, dos seios paranasais, da garganta e das grandes vias respiratórias, causando coriza, espirros, obstrução nasal, irritação na garganta e aumento da temperatura corpórea. As crianças pré-escolares apresentam de três a oito episódios anuais. Já os casos de gripe são mais intensos com febre alta, dores no corpo, na cabeça e na garganta, fraqueza, mal-estar geral, calafrios e tosse intensa. Nos casos de rinite, o paciente apresenta coriza, espirros, obstrução nasal e coceira no nariz. Com o ar seco e o aumento da poluição, os pacientes podem apresentar um quadro de rinite irritativa, causando coceira e ressecamento da mucosa nasal, além de causar mais crises nos pacientes que apresentam alergia respiratória.

O motivo pelo qual cada um tem mais probabilidade de se infectar em momentos distintos não é de todo conhecido. Sabe-se que a exposição ao frio não faz com que alguém se constipe e tampouco que isto aumente a sua susceptibilidade para infectar-se com um vírus respiratório. O alerta é para ambientes mais fechados nas baixas temperaturas, onde os vírus que aí circulam no ar conseguem melhores condições de se procriarem e de infectarem os indivíduos.

É interessante assinalar que muito antes que os vírus fossem descobertos, Benjamin Franklin, físico, inventor e político norte-americano do Século 18, observou que o resfriado era consequência do contato com uma pessoa doente, e não da exposição ao frio ou à umidade; em outras palavras, assinalou o caráter contagioso desta doença. No entanto, aqueles que se encontram cansados ou manifestam ansiedade, os que têm alergias no nariz ou na garganta e as mulheres que estejam a meio do seu ciclo menstrual são mais propensos a acusar os sintomas de um resfriado. A gripe dura cerca de uma a duas semanas, e o resfriado, em geral, dura cerca de quatro a sete dias, ambos desaparecendo à medida que o organismo melhora suas defesas.

Contudo, nada impede que uma mesma pessoa tenha episódios repetidos das citadas doenças, causadas por outros germes. Tanto a gripe como o resfriado podem se complicar, principalmente quando a pessoa está com baixa imunidade, o que é comum em crianças pequenas, idosos, asmáticos e pessoas com doenças crônicas, ocorrendo inflamação do ouvido (otite) e dos seios da face (sinusite), além de piorar as crises asmáticas e bronquites.

Mantenha uma alimentação saudável, ingerindo bastante líquidos, economizando energia, respeitando o tempo de sono, lavando as mãos com frequência e evitando o contato com os olhos, nariz e boca. É importante manter sempre o ar ambiente circulando, impedindo o aumento da concentração de vírus, usar lenços descartáveis e limpar todas as superfícies. São atitudes que podem ajudar muito a reduzir a sua propagação.

O repouso, o uso de antitérmicos em caso de febre, as nebulizações e os descongestionantes nasais, quando prescritos por médicos, ajudam no combate aos sintomas das doenças e, os antibióticos, só quando houver complicações bacterianas.

O Ministério da Saúde, por intermédio da Fundação Nacional de Saúde, promove uma campanha anual de vacinação contra a gripe, tétano e difteria, simultaneamente, em todo o país, com o objetivo de alcançar a população a partir dos 60 anos de idade, maior vítima das infecções respiratórias. A vacina reduz o risco de gripe em até 90% no caso de pessoas saudáveis, mas os resfriados, provocados por outros vírus, não são prevenidos com a vacina. Em casos urgentes, procure um especialista o quanto antes.

* Cristiane Passos Dias Levy é alergologista e otorrinolaringologista do Hospital Paulista.

** Publicado originalmente no site Saúde em Pauta.