Os brinquedos estão cada vez mais modernos. O uso do computador e outros aparelhos eletrônicos se inicia cada vez mais cedo. Mas, apesar disso, as crianças hoje usam mais a imaginação do que há 20 anos.
É isto que afirmam pesquisadoras em artigo publicado no periódico Creativity Research Journal. As psicólogas Jessica Dillon e Sandra Russ decidiram reavaliar dados de mais de 14 estudos, realizados de 1985 a 2008, com crianças de seis a dez anos de idade para verificar se as crianças hoje brincam menos do que antigamente e a qualidade da brincadeira.
Todos os estudos usados na revisão usaram a mesma metodologia. As crianças eram convidadas a brincar “de faz de conta” durante 15 minutos usando brinquedos específicos: blocos de madeira e dois fantoches que representavam pessoas. A brincadeira era gravada para posteriormente ser avaliada para o conforto, a imaginação e a quantidade de emoções positivas ou negativas utilizadas e expressadas, e a qualidade das histórias contadas pelas crianças.
Os resultados mostram que, ao contrário do que se poderia imaginar, o envolvimento com atividades lúdicas – o uso da imaginação – na verdade aumentou ao longo do tempo. Além disso, as crianças de hoje expressam menos sentimentos negativos durante as brincadeiras do que antigamente. Já a capacidade de expressar emoções positivas, de contar histórias e organizar pensamentos permaneceu consistente.
Para as autoras, se ontem brincar de faz de conta era importante para que as crianças adquirissem competências cognitivas, hoje as crianças adquirem estas mesmas competências com as brincadeiras que envolvem, na sua maioria, tecnologia – seja pelo brinquedo que fala, o computador ou o videogame.
“Pesquisas futuras deverão ter foco sobre se brincar de faz de conta é tão importante como era anos atrás e quanto realmente influencia na criatividade das crianças”, concluem.
* Publicado originalmente no site O que eu tenho.
