Esquecimento constante e mudança de comportamento são sinais de demência

Doença é mais frequente a partir dos 65 anos

Episódios corriqueiros como esquecer o número de telefone da própria casa, não se lembrar onde guardou as chaves ou não comparecer a uma consulta médica previamente marcada costumam denotar um esquecimento natural relativo à idade. No entanto, deve-se levar em conta que, especialmente entre os idosos, essas situações que são encaradas com normalidade podem servir de alerta e atenção para a demência, doença que surge, em média, aos 65 anos.

Com maior incidência em mulheres, a cada cinco anos as chances do desenvolvimento da doença dobram, segundo a psiquiatra Dra. Célia Gallo, psiquiatra do PROTER (Projeto Terceira Idade) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. “A demência é uma patologia cerebral orgânica que provoca algumas alterações do cérebro e é caracterizada por três principais sinais: a alteração da memória, a mudança de comportamento e a dificuldade na execução de tarefas rotineiras”, explica.

Salvo exceções e por se tratar de uma patologia que atinge a terceira idade, o portador tem a chance de levar uma vida normal. No entanto, é a evolução da demência que preocupa familiares e especialistas. Constituir uma família, trabalhar e ter uma vida social são atitudes comuns para qualquer pessoa, porém, a enfermidade reduz gradativamente o aspecto social e o familiar, ao ponto de o paciente não reconhecer um filho. Este processo pode ser doloroso para a família, que deve buscar artifícios para driblar o momento.

“A população precisa saber que ficar esquecido não é normal e que não faz parte do processo natural do envelhecimento. O indicado é procurar um especialista para que seja realizada uma investigação”, recomenda a psiquiatra. Qualquer sinal de esquecimento como não se lembrar qual é o dia da semana, alterações de humor e irritabilidade são indícios da demência que precisam ser abordados.

O tratamento da demência implica no uso de medicamentos que minimizam os sintomas e retardam sua evolução, além da reabilitação cognitiva. O diagnóstico nesses casos é diferenciado, realizado clinicamente e por meio do método de exclusão, visto que não há um teste específico que detecte a demência. Alguns exames de sangue ou de imagens auxiliam no processo de eliminação de outras patologias, o que favorece a confirmação mais rápida e o início do acompanhamento médico.

A família, como em qualquer outra situação, atua como alicerce na vida do portador da demência. A psiquiatra Célia Gallo recomenda que os familiares não ignorem estes aparentemente lapsos de memória sem importância e que se mantenham ao lado das vítimas, buscando maneiras de organizar o tempo, o espaço e propiciar o mínimo de funcionamento de suas funções habituais.

* Publicado originalmente no site Saúde em Pauta.