O paradoxo feminino do Século 21

No dia 8 de março foi comemorado o Dia Internacional da Mulher. Poetas e escritores já enalteceram e prestigiaram mulheres jovens, mães, filhas, esposas e trabalhadoras. Mas qual seria o papel da mulher nos dias atuais? Quem é a mulher do Século 21? Estaria ela feliz e completa, pronta para entregar seu legado a futuras gerações?

A mulher que comemoramos hoje saberia que a de ontem morreu queimada e trancada por policiais e pelos donos de uma fábrica de tecidos por reivindicar igualdade de salários e diminuição da jornada de trabalho de 16 para dez horas, no dia 8 março de 1857? Talvez não!

Vale lembrar também que, praticamente cem anos antes da tragédia ocorrida na fábrica têxtil Cotton, em Nova York, Mary Wollstonecraft publicou e reivindicou em seu famoso livro A Vindication of the Rights of Women, a igualdade social e moral dos sexos. No entanto, ainda assim, nem mesmo os anos de história foram capazes de evitar a morte das tecelãs.

Mais cem anos se passaram e, em 1960, a pílula contraceptiva foi aprovada pelos órgãos competentes e, no ano seguinte, disponibilizada para consumo, dando à mulher o direito e o poder de controlar a reprodução. Era o início de grandes mudanças na vida sexual feminina.

Mais tarde, em 1966, Betty Friedan, escritora e ativista dos direitos femininos, e outras vinte e oito mulheres fundaram a NOW (Organização Nacional para Mulheres).

O propósito da organização era fazer com que as mulheres tivessem plena participação na sociedade norte-americana da época e exercessem todos os privilégios e responsabilidades da mesma forma e em parceria com os homens. Sob o lema O privado é político, nosso corpo nos pertence, norte-americanas, inglesas e italianas ganharam as ruas difundindo as ideias da organização.

No Brasil, em São Paulo, em 1975 foi criado o Centro de Desenvolvimento da Mulher Brasileira e, muito embora as conquistas da mulher brasileira também tenham sido muitas, do direito ao voto, em 1932, à criação de delegacias para mulher na década de 1980, ainda há muito a ser estudado e, por que não, revisto.

É interessante observarmos a trajetória e a evolução da conquista dos direitos femininos e avaliar, à luz dos acontecimentos atuais, aonde chegamos e como.

A luta para diminuir a lacuna existente entre os direitos do homem e da mulher continua viva. Ideias de igualdade sobre a participação das mulheres na sociedade, salários justos, o controle do próprio corpo, participação nas decisões políticas foram objetivos alcançados com sucesso. Porém, devido à atual insegurança econômica global, a luta feminina prossegue não somente com o intuito de conquistar novas metas, mas também no sentido de manter os avanços feitos.

Mas, ao avaliarmos a história que remonta a mais de dois séculos, nos vemos diante de um aparente paradoxo: apesar das conquistas e do status social adquirido, a mulher encontra-se hoje mais infeliz do que nunca.

No que diz respeito à política sexual, estudos mostram que há uma probabilidade muito maior de as mulheres preferirem namorar ou ter relacionamentos estáveis a simplesmente “ficar”. Enquanto os homens reportaram apreciar os relacionamentos de apenas uma única noite por aumentar a sensação de bem-estar e melhorar a autoestima, em contrapartida muitas mulheres se sentiram “usadas” ou desapontadas consigo mesmas.

Ora, é claro que não se pode negar a importância da mulher ter conquistado o direito de agir em termos sexuais da maneira que mais a agrade; é bom ter a chance de optar. No entanto, o sexo casual parece ter adquirido a conotação de necessidade ou expectativa. Hoje, tanto as mulheres jovens como as mais velhas sentem significante pressão das amigas, ou mesmo do meio social, de se renderem a relacionamentos íntimos para os quais nem sempre se sentem prontas. E se o desejo era de esperar para fazer sexo, elas acabam se questionando se há algo errado com elas: será que estou sendo “careta” demais e vou acabar ficando para trás?

Hoje, mais do que nunca, a mulher é altamente qualificada no que diz respeito à educação e à formação profissional. No entanto, sexualmente falando, as mulheres não somente diminuíram em muito o valor próprio, como também competem umas com as outras numa tentativa de atrair a atenção dos homens. Desta maneira, correm o sério risco de vulgarizar a própria imagem, exigindo muito pouco ou nada dos homens para que fiquem com elas.

Como mulher, vale o alerta de que o feminismo veio para nos dar opção de escolha e controle sobre a própria vida, não o oposto!

E fica um pedido de reflexão às bravas mulheres de sempre e da atualidade!

* Rosanne Martins é autora do livro Por que Sonhar Se Não Para Realizar?, certificada em Winnipeg em Grupos de Sucesso da autora Barbara Sher, graduada no programa de Coaching, Success Principal, de Jack Canfield e em curso avançado de Psych-K, técnica desenvolvida com o objetivo de mudar crenças na mente subconsciente. Recentemente certificou-se pela Escola de Self-Healing (AutoCura) em São Francisco, Califórnia, e atua como palestrante motivacional.