O que as micro e pequenas pensam sobre sustentabilidade

Pesquisa do Sebrae Nacional, divulgada em maio, mostra que as pequenas e microempresas (PMEs) ainda não acordaram para a sustentabilidade, relacionando-a muito mais com gestão ambiental do que com mudança na maneira de produzir e de consumir.

Mais da metade (54%) dos empresários brasileiros não percebem a sustentabilidade dos seus negócios como uma “oportunidade de ganhos”. Esta é uma das principais constatações do estudo O Que Pensam as Micro e Pequenas Empresas sobre Sustentabilidade, realizado pelo Sebrae Nacional como parte da sua série Estudos e Pesquisas. A sondagem foi realizada com mais de 3,9 mil empreendedores de todo o Brasil e avaliou a percepção dessas empresas sobre a importância da sustentabilidade em seus negócios.

O estudo mostrou ainda ações pouco ou não realizadas por essas empresas que, se fossem feitas, representariam um ganho expressivo para o meio ambiente, como utilizar matérias-primas ou materiais recicláveis no processo produtivo (51,7% dos entrevistados não utilizam), realizar captação de água da chuva e/ou reutilização de água (um expressivo número de 83,4% não realizam esse processo) e reciclagem de pilhas, baterias ou pneus (feito por apenas 49,1% dos entrevistados).

Mas, mesmo o cenário não sendo dos mais animadores, já é perceptível uma mudança positiva no pensamento dessas micro e pequenas empresas. A responsabilidade ambiental deixou de ser uma exclusividade das grandes corporações no Brasil. Com a maior conscientização a respeito das mudanças climáticas, os consumidores passaram a ser mais exigentes em relação às questões ambientais e, com base nisso, as PMEs passaram a adaptar seus negócios e dar mais atenção às ações com foco no meio ambiente.

Ainda que mais da metade dos entrevistados não veja a sustentabilidade como uma “oportunidade de ganho”, muitos realizam ações com foco na sustentabilidade, como coleta seletiva de lixo (70,2%), controle do consumo de papel (72,4%), controle do consumo de água (80,6%), controle do consumo de energia (81,7%), e destinação adequada de resíduos tóxicos, tais como solventes, produtos de limpeza e cartuchos de tinta (65,6%).

Caso concreto

Um exemplo de pequena empresa que está ciente de seus impactos e que trata a sustentabilidade com prioridade em suas ações é a RL Higiene – Limpeza Sustentável. A empresa, que está no mercado há mais de 30 anos, declara seu compromisso com a sustentabilidade no próprio nome, em sua missão e em suas ações.

A RL faz isso oferecendo não apenas produtos de qualidade, mas soluções sustentáveis de higiene e limpeza, que utilizam o mínimo de recursos materiais e garantem o menor descarte possível na natureza, como é o caso dos produtos concentrados ou daqueles constituídos por matérias-primas renováveis.

A empresa também oferece aos clientes treinamento em ferramentas de controle de orçamento e de consumo dos produtos e os estimula a fornecer melhores condições de trabalho para a sua equipe de limpeza. Outro aspecto é que a RL também ajuda a promover a conscientização dos funcionários de seus clientes para o consumo consciente e a redução dos desperdícios, por meio de mensagens nos dispensers do banheiro, cartazes, vídeos e outras ferramentas para apoio da comunicação interna.

Essas ações fazem da RL uma indutora de comportamentos socioambientais mais corretos entre clientes, muitos deles grandes empresas.

Esse caso demonstra que as PMEs podem acordar para a gestão sustentável a partir do próprio negócio e, com isso, induzir mudanças em outras empresas, inclusive de porte maior. A sustentabilidade requer investimento, mas, principalmente, demanda um olhar diferente sobre o próprio negócio e o mercado.

* Jorge Abrahão é presidente do Instituto Ethos.

** Publicado originalmente no site Instituto Ethos.