Atitude agressiva no campo ofusca o brilho do craque uruguaio

Luis Suárez. Foto: Divulgação
Luis Suárez. Foto: Divulgação

O talento do atleta Luis Suárez em fazer gols perdeu boa parte do seu brilho quando o craque uruguaio não conteve a ira e mordeu o ombro do jogador Giorgio Chiellini, da seleção italiana.

O ato de morder é primário, muita criança utiliza desse artifício quase animal nos primeiros anos de vida para se proteger ou externar raiva. Nessa fase, uma segura repreensão, com esclarecimentos sobre as consequências dessa atitude e a demonstração de que existem outras formas de expressão, podem contribuir para que nos processos de crescimento e de desenvolvimento o futuro adulto saiba lidar com frustrações ou situações difíceis sem utilizar o velho recurso infantil.

Se há certa tolerância com mordida quando se é pequeno, depois de grande esse ato se configura como agressão e, dependendo do contexto, a penalidade pode ser severa.

O jogador responsável pelas vitórias da Seleção do Uruguai foi banido desta Copa do Mundo pela FIFA. Por não ter segurado seu instinto voraz, Suárez ficará fora de nove jogos oficiais, teve o seu contrato de patrocínio cancelado pela Adidas e a sua ausência na disputa contra a Seleção da Colômbia ajudou muito para a derrota do seu time.

E o mais triste desse episódio é que ele é reincidente e já foi punido outras vezes. Pelo jeito trata-se de um comportamento que precisa ser observado com mais profundidade e, talvez, deva receber acompanhamento terapêutico, visto que apenas medidas punitivas parecem não surtir efeito.

Sabe-se que a agressividade e a maneira de manifestá-la estão ligadas diretamente ao caráter, a educação e a outros ensinamentos que se aprende desde criança. Depois de crescido, algumas medidas corretivas são mais difíceis e, muitas vezes, implicam em maior dureza.

Neste caso, além de prejudicar a sua carreira, o seu comportamento comprometeu o desempenho da seleção do seu país, provocou perdas financeiras, e pode causar prejuízo à sua imagem pública. Como pai de dois meninos, torço para que o Suárez consiga ensiná-los que morder é uma agressão violenta para ser usada dentro e fora dos campos de futebol. Por aqui, fico. Até a próxima.

* Leno F. Silva escreve semanalmente para Envolverde. É sócio-diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. É diretor do IBD – Instituto Brasileiro da Diversidade, membro-fundador da Abraps – Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade, e da Kultafro – rede de empreendedores, artistas e produtores de cultura negra. Foi diretor executivo de sustentabilidade da ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. Editou 60 Impressões da Terça, 2003, Editora Porto Calendário e 93 Impressões da Terça, 2005, Editora Peirópolis, livros de crônicas.