Transporte público, só se for veloz

[media-credit name=”Helvio Romero/AE” align=”alignright” width=”300″][/media-credit]Os brasileiros consideram a rapidez como a característica mais importante para um bom meio de transporte, revela uma pesquisa sobre mobilidade urbana divulgada na semana passada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A velocidade pode estar associada ao crescente número de motos nas capitais e cidades do interior, e também é apontada como a principal condição para atrair aqueles que não utilizam o transporte público.

Realizada por meio de entrevistas domiciliares, a pesquisa consultou 2.786 brasileiros com mais de 18 anos, em agosto do ano passado, em 146 municípios brasileiros. O estudo revela que, nas regiões metropolitanas, o transporte público é o meio mais usado para locomoção (60,05%), seguido pelo automóvel particular (22,55%) e pelas motocicletas (7,02%).

Nas demais cidades, talvez em função da precariedade do transporte coletivo, o carro predomina com 25,28%. Também é maior o número de motociclistas: 18,88%. Apenas um quarto dos entrevistados utilizam ônibus para se locomover. Por outro lado, nos municípios não metropolitanos as locomoções a pé e de bicicleta somam quase um terço das respostas.

Tendência semelhante se verifica na comparação entre capitais e cidades do interior. O transporte público é a opção prioritária de quase 65% dos moradores das metrópoles, enquanto os carros são utilizados por 23,39% da população e as motos por 5,57%. Os deslocamentos a pé e de bicicleta são inferiores a 6%.

Nos municípios do interior, o transporte individual é a opção mais utilizada. Os usuários de carros somam 23,91% (média semelhante à das capitais) e os de moto chegam a 15,02%, índice três vezes maior. Novamente, os deslocamentos a pé e de bicicleta ganham destaque, com quase 20% da preferência dos moradores.

Motivos de preferência

Nos deslocamentos predominantemente por motos, a rapidez do meio de transporte é o item mais destacado, sendo o único caso em que o percentual ultrapassa a marca dos 60%, revela o estudo. Em todos os casos, a escolha do meio de locomoção está associada à rapidez, ao conforto (exceto entre os usuários de transporte público) e ao preço, à exceção dos que usam automóvel.

Entre os que andam a pé, os principais motivos apontados são a saúde e a rapidez. Os pedestres predominantemente afirmam que passariam a usar o transporte coletivo se ele fosse mais rápido e barato. Os ciclistas optam pela bicicleta pelos mesmos motivos: rapidez, benefícios à saúde e baixo custo.

Os usuários de transporte motorizado, por sua vez, enfatizam o conforto e a comodidade. Quem usa carro e moto também dá destaque à rapidez. Apesar de ambos os grupos afirmarem que a lentidão do transporte público é um dos maiores fatores de desestímulo, os usuários de ônibus, trens e metrôs destacam a rapidez como uma das características que os fizeram optar pelo transporte coletivo. Por esta razão, aponta o resumo do estudo assinado por Ernesto Galindo, é preciso “esclarecer a população (sobre as vantagens de cada modelo), sem deixar de manter os esforços na constante melhoria do transporte público.”

* Rodrigo Martins é repórter da revista Carta Capital há cinco anos. Trabalhou como editor assistente do portal UOL e já escreveu para as revistas Foco Economia e Negócios, Sustenta!, Ensino Superior e Revista da Cultura, entre outras publicações. Em 2008, foi um dos vencedores do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Acompanhe também pelo www.twitter.com/rodrigomartins0.

** Publicado originalmente no site da revista Carta Capital.