Com um futebol disciplinado e de cooperação, o Ituano venceu o Peixe

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Quem é melhor: time grande ou time pequeno? Antes de responder essa questão, vale dizer que time grande normalmente é aquele com um número muito expressivo de torcedores, que reúne atletas de nível internacional e bem remunerados; contrata técnicos com larga experiência, abocanha excelentes recursos de empresas patrocinadoras, é oriundo das principais capitais do País e disputa o campeonato da série A.

Já as equipes consideradas pequenas, são mantidas com dificuldade, a maioria está presente nas cidades do interior brasileiro, as faixas salariais dos atletas são mais próximas do mínimo brasileiro; às vezes os técnicos são iniciantes, participam dos campeonatos menos destacados e, às vezes, o socorro financeiro vem do comércio local: da granja, do mercadinho ou da padaria da esquina.

O último domingo revelou os vencedores dos campeonatos estaduais. Em São Paulo, o Ituano Futebol Clube, que avalio como um time médio, sagrou-se campeão ganhando do Santos, em pleno Pacaembu lotado de torcedores do Peixe. Embora tenha perdido no tempo regulamentar, nas penalidades marcou 7 a 6 e ergueu a taça da primeira importante disputa de 2014.

Para chegar a esse resultado, a equipe técnica da cidade conhecida pela grandeza de alguns objetos como, por exemplo, orelhão, lápis e outros badulaques gigantes, traçou um plano centrado no trabalho em grupo e na valorização de um time jovem e diverso. Para além dos talentos individuais, o Ituano mostrou garra, força, criatividade, determinação e cooperação de um elenco formado por onze estrelas.

Nas duas disputas da final, o escrete da camisa vermelha e preta apresentou melhor volume de jogo e se mostrou mais entrosado. No jogo decisivo, mesmo perdendo de 1 x 0 com um gol irregular, foi pra cima e, disciplinado, travou as principais jogadas do time comandado pelo experiente Oswaldo de Oliveira.

Com a decisão levada aos pênaltis, o time do técnico Doriva errou menos e sacramentou uma vitória que colocou o Ituano na galeria das mais importantes equipes brasileiras. Tomara que essa conquista digna de time grande contribua para que o trabalho desenvolvido não seja perdido e que o discurso do treinador enaltecendo o empenho e a dedicação dos jogadores, não vire uma mera manifestação para “inglês ouvir”. Por aqui, fico. Até a próxima.

Leno F. Silva escreve semanalmente para Envolverde. É sócio-diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. É diretor do IBD – Instituto Brasileiro da Diversidade, membro-fundador da Abraps – Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade, e da Kultafro – rede de empreendedores, artistas e produtores de cultura negra. Foi diretor executivo de sustentabilidade da ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. Editou 60 Impressões da Terça, 2003, Editora Porto Calendário e 93 Impressões da Terça, 2005, Editora Peirópolis, livros de crônicas.