Descobrindo a pé a diversidade da Av. Paulista

Avenida_PaulistaNo último sábado percorri a Av. Paulista a pé, desde a Praça Oswaldo Cruz até a Av. Consolação. Minha caminhada uniu atividade física e interesse em encontrar uma capa protetora para o celular.

O compromisso de exercitar o corpo foi cumprido na íntegra, contudo a frustração deveu-se ao fato de percorrer todas as lojas “especializadas” e ouvir a mesma resposta: “Esse não tem”.

Conclui que o meu celular é pouco atrativo para os comerciantes desses acessórios, e fiquei sabendo que os campeões de venda e, consequentemente, de oferta são os diversos modelos da Apple e da Samsung. Em cada um dos cinco “complexos” comerciais me deparei com dezenas de lojinhas parecidas e com preços “tabelados”.

Parece até que os fornecedores são os mesmos. Talvez sejam. Outro ponto em comum: os proprietários são, na maioria, chineses ou coreanos, ainda pouco familiarizados com a língua portuguesa.

Em uma das avenidas mais tradicionais da cidade e com um dos metros quadrados mais caros do mercado imobiliário, esse tipo de estabelecimento é crescente. O mais novo é um prédio construído para essa finalidade, bem ao lado do Consulado Italiano e logo depois do Parque Mário Covas.

Enquanto o edifício subia, cheguei a pensar que ali daria lugar a uma instituição financeira ou algum ponto nobre de “grife” internacional. Nada disso. Os dois andares foram subdivididos em estandes para a comercialização de bugigangas convencionais ou dos últimos lançamentos do mundo da tecnologia. E com um diferencial importante: estacionamento privativo no subsolo, o que permite que as compras sejam efetuadas com tranquilidade.

Pelo andar da carruagem é provável que outros “points” parecidos ganhem espaço no espigão da Paulista, uma avenida que já abrigou os Barões do Café e que hoje acomodada de tudo: hospital, bancos, farmácias, cinemas, shoppings centers, escritórios comerciais e residenciais, faculdade, museus, parques, artistas anônimos, dentre outras variedades. Além disso, aos domingos, duas de suas faixas são utilizadas por ciclistas que pedalam por lazer.

Animado com a andança, desci a Av. Angélica. Na esquina com a Rua Jaguaribe, quase deixei  o celular desprotegido cair, o que poderia ter causado sérios danos. Pensei comigo: se isso tivesse ocorrido, não seria problema, visto que as opções de compra são tamanhas. Mas aprendi: quando decidir trocá-lo, o melhor é primeiro adquirir  a capa protetora e, depois, o telefone. Por aqui, fico. Até a próxima.

* Leno F. Silva escreve semanalmente para Envolverde. É sócio-diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. É diretor do IBD – Instituto Brasileiro da Diversidade, membro-fundador da Abraps – Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade, e da Kultafro – rede de empreendedores, artistas e produtores de cultura negra. Foi diretor executivo de sustentabilidade da ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. Editou 60 Impressões da Terça, 2003, Editora Porto Calendário e 93 Impressões da Terça, 2005, Editora Peirópolis, livros de crônicas.