Lester Brown aposta em mudanças ágeis

Para especialista, mundo trocará sua matriz energética a tempo de impedir colapso global

A energia nuclear está sendo ultrapassada, não exatamente pelos riscos que representa, mas sobretudo, por seus altos custos. As energias eólica, geotérmica e solar se tornam mais acessíveis e nós seremos surpreendidos pela rapidez da mudança da matriz energética no mundo. A principal face à crise ambiental que enfrentamos.

Esta é a visão de Lester Brown, analista ambiental norte-americano, fundador do Worldwatch Institute e do Earth Policy Institute, autor e co-autor de mais de 50 livros sobre os desafios globais. Brown é considerado um dos principais pensadores nesta área e foi convidado pela Envolverde para falar sobre o impacto das ações humanas no planeta, nos próximos 20 anos.

Para Lester, estamos em um ponto crucial em relação às questões climáticas. Os Estados Unidos, por exemplo, enfrentaram em 2012, a pior seca das últimas duas décadas. A sua produção de milho foi fortemente impactada. Isto se refletiu em alta de preços não só para esta lavoura mas também para a soja e o trigo.

A pressão climática sobre os alimentos é a maior preocupação deste ambientalista em relação ao futuro. Tanto que ela é o tema de seu mais recente livro: “Full Planet. Empty Plates: The New Geopolitics of Food Scarcity” (“Planeta cheio. Pratos vazios. A nova geopolítica da escassez dos alimentos” – em tradução livre).

Para Lester, o efeito da escalada de preços dos grãos é a maior ameaça à estabilidade global. Contudo, esta pressão, na sua opinião, acelerará as respostas necessárias. “Vamos passar por mudanças drásticas. A principal delas será a migração do uso de combustíveis fósseis e do carvão para fontes limpas e renováveis”.

“Este movimento já se nota na própria Wall Street”, afirma Brown, referindo-se ao mercado de ações. “As prioridades de investimentos, em todo o mundo, hoje estão com as energias limpas”, completa.

Como exemplo, ele cita a mega usina eólica em construção pela China, na região da Mongólia. Com instalação inicial de 22 turbinas e capacidade de 25,8 MW, Huitengxile está planejada para gerar 59.2 GWh ao ano que para os chineses, responsáveis por cerca de 25% do consumo de todo o carvão do mundo, atualmente.

Outro destaque feito por Brown para apoiar sua previsão foi o complexo eólico Darlowo Wind Energy Center no Norte da Polônia. Projetado em três fases, sendo que a primeira já concluída e a segunda em fase de instalação, ele atingirá um total de 250MW.

Apesar da gravidade da situação, alertada por ele próprio, Lester Brown se mantém otimista. “Nós podemos tirar o atraso”, defende. “As mudanças estão acontecendo em uma escala nunca vista”, conclui o analista. (Envolverde)