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medidas contra a insegurança alimentar no Brasil

O estudo Alimentação na Primeira Infância: conhecimentos, atitudes e práticas de beneficiários do Bolsa Família, realizado pelo UNICEF, diagnosticou um alto consumo de alimentos ultraprocessados em lares atendidos pelo Bolsa Família.

Foram entrevistadas 1.343 pessoas responsáveis por 1.647 crianças, em 21 estados. Cerca de 80% das famílias relataram o consumo de alimentos ultraprocessados pelos pequenos no dia anterior à entrevista.

A análise mapeou hábitos e práticas, nível de acesso à informação e insegurança alimentar agravada pela pandemia de covid-19, entre crianças com idade entre zero e seis anos, de famílias beneficiadas pelo programa Bolsa Família, agora substituído pelo Auxílio Brasil.

biscoitos salgados ou recheados

bebidas açucaradas, como bebidas lácteas e achocolatados

Os alimentos mais consumidos foram:

Dentre os motivos relatados para a adoção deste hábito estão a falta de informação adequada. Pouco menos da metade (48%) das famílias não se sente confiante para interpretar os rótulos dos alimentos.

Soma-se a isso o fato de que apenas 34% afirmaram que costumam lê-los e entendê-los com frequência antes da compra.

A maioria dos entrevistados (83%) não considera que seus filhos ingiram esses alimentos numa frequência maior do que deveriam.

O acesso dificultado à alimentação saudável foi apontado por mais de 80% dos entrevistados, e a baixa diversidade na dieta por 25%.

Este cenário de insegurança alimentar foi agravado pela pandemia da covid-19, que impactou o acesso à renda e à alimentação adequada.

Pandemia e insegurança alimentar

72% das famílias afirmaram que alguma criança com idade até 5 anos e 11 meses deixou de fazer alguma refeição porque não havia dinheiro para comprá-la. 

Com base nas evidências geradas pela pesquisa, o UNICEF elencou seis recomendações para garantir o direito humano à alimentação adequada e saudável a todas as crianças no Brasil.

Recomendações

1

Promoção de programas de educação permanente em alimentação, nutrição e saúde voltados para famílias de baixa renda

É preciso investir em políticas de educação alimentar que incentivem a amamentação exclusiva nos seis primeiros meses e a alimentação complementar saudável em casa e no ambiente escolar.

Recomenda-se a inclusão de atividades educativas em alimentação e nutrição no currículo escolar dos estudantes, contemplando creches, escolas, unidades de atenção primária, Centros de Referência de Assistência Social, entre outros.

2

Incentivo ao aleitamento materno exclusivo durante os primeiros seis meses

Assegurar políticas de proteção à amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida significa oferecer às crianças uma oportunidade de ter um crescimento e um desenvolvimento saudáveis.

A expansão do tempo da licença-maternidade e da licença-paternidade, ou licença parental, é um dos pontos-chave para a promoção da amamentação exclusiva, durante os primeiros seis meses de vida do bebê.

3

Regulação das propagandas infantis

Recomenda-se a urgente ampliação da restrição de publicidade de alimentos e bebidas voltada ao público infantil, a fim de reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados e a obesidade infantil.

Crianças pequenas não têm idade suficiente para separar ficção da realidade.

4

Aplicação das novas regras de rotulagem frontal aprovadas pela Anvisa

A partir de outubro de 2022, a indústria de alimentos deverá adotar as novas regras de rotulagem frontal aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 

A partir dessa data, uma lupa apresentará, em destaque no rótulo do produto, informações sobre altos níveis de açúcar, sal, gordura, entre outros.

5

Tributação de bebidas açucaradas

Mais de 50 países em todo o mundo já implementam políticas fiscais de tributação de bebidas açucaradas, levando à redução do consumo desses produtos.

Recomenda-se a implementação de uma política tributária que eleve os preços das bebidas açucaradas no Brasil, resultando na redução do consumo e na conscientização da população para fazer escolhas alimentares mais saudáveis.

6

Ampliação de acesso físico e financeiro a alimentos in natura e minimamente processados

O estudo aponta para a necessidade de governos se comprometerem para o estabelecimento de políticas de proteção e ampliação do acesso físico e financeiro a alimentos in natura.

Para isso, é necessária a criação de leis que protejam e fortaleçam a produção local e sustentável de alimentos, valorizem as práticas culinárias tradicionais e incentivem o consumo de alimentos regionais provenientes da agricultura familiar