ODS12

A importância da economia compartilhada não exclui os seus problemas

Por Deivison Pedroza* – 

Com a economia compartilhada a propriedade de um bem ou produto deixa de ser necessária, dando espaço para a busca de um estilo de vida mais consciente e sustentável. O que antes tradicionalmente era produzido, vendido, pouco usado e até descartado, hoje já não é mais assim. Ou seja, a economia compartilhada fez com que surgissem novos empregos e formas de complementar a renda, tornando mais acessíveis certos tipos de bens e serviços e permitindo suprir as necessidades de muito mais pessoas.

Com a economia compartilhada, a posse de um objeto ou de um espaço não é mais um fim em si mesmo, podendo até ser obsoleta. Elas nos permite pensar que em um futuro próximo as vendas de carros, bicicletas e imóveis tendem a diminuir. Será mesmo?

Até que ponto o pilar ambiental da sustentabilidade está se beneficiando da economia compartilhada? Ou em que medida o ser humano está pronto para viver em um sistema de compartilhamento, se o sistema econômico predominante é – e parece que ainda será por muito tempo – o capitalismo?

Será que a economia compartilhada não poderia ser apenas uma nova roupagem do capitalismo, que ainda preza pelo consumo exacerbado, mesmo que sob a égide da sustentabilidade? Para quem vai as benesses financeiras do uso compartilhado senão para aquele que detém o objeto ou presta o serviço? E quem garante que mais pessoas não vão querer comprar bens para oferecem serviços nessa nova forma de contenção. E então em vez de diminuir as compras, aumentaríamos a concorrência e diminuiríamos a qualidade do serviço prestado?

Quando fazemos essas reflexões, precisamos considerar as críticas as quais a economia compartilhada está sujeita. Somente a título ilustrativo, no caso do Uber, ele pode ser considerado a nova “oficialização do bico” devido aos altos índices de desemprego atuais. E ainda sofre com o aumento da falta de segurança. E não só para os passageiros, mas para o próprio motorista, já que estão suscetíveis a assaltos, a acidentes e a nenhuma segurança trabalhista caso aconteça qualquer problema que ele não possa mais cumprir seu ofício.

A mudança cultural é sempre mais lenta que as tecnologias e que por isso ainda estamos engatinhando quando o assunto é o compartilhamento. Ainda mais que são inúmeras as formas de economia compartilhada hoje. Mas independente de você querer alugar seu carro, um quarto da sua casa, pegar uma carona, alugar uma bike, uma roupa ou até mesmo uma vaga de garagem, se quer alugar um espaço de trabalho no estilo coworking ou contratar um sushiman para uma noite diferente em seu apartamento, o importante é sempre ter em mente a ideia da sustentabilidade.

Ao passar a ser adepto da economia compartilhada é necessário ter a consciência de adotar um modelo de consumo sustentável, consciente e racional, porque você está contribuindo não só financeiramente pelo bem ou serviço compartilhado ao reduzir custo para quem usa e renda para quem fornece.

O compartilhamento tem um significado social, de estabelecer novas relações em um mundo cada vez mais individualizado. E também, e mais importante, ele está contribuindo para a preservação do meio ambiente ao optar não apenas pela posse de algo, mas pelo uso real, tornando útil o que era ocioso, avançando para o bem comum e desencadeando uma verdadeira alternativa sustentável.

 

*Deivison Pedroza é CEO do Grupo Verde Ghaia

 

 

 

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