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Agrônomo André Guimarães comenta sobre desmatamento e a atuação do Governo Federal

Por Beatriz Mirelle, da Redação* – 

Esta matéria faz parte do PEPE (Programa Envolverde de Parcerias Estudantis).

Cofacilitador da Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura analisa reputação do Brasil no mercado internacional

O agrônomo André Guimarães, diretor executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), foi o convidado da live “Diálogos Envolverde: Unidos contra o desmatamento”, exibida na última quinta-feira (01). Ele é um dos cofacilitadores da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura e contou sobre o início desse movimento, que atualmente é composto por mais de 230 representantes da área empresarial, ambiental, acadêmica, financeira, jurídica etc. A mediação foi feita pelos jornalistas Dal Marcondes e Reinaldo Canto. Ambos da Agência Envolverde.

A constituição oficial da Coalizão Brasil foi lançada em 2015, mesmo ano em que ocorreu o Acordo de Paris. “Surgimos em um momento que todos os países estavam pautando seus compromissos de redução de emissão de gases do efeito estufa”. Dessa maneira, a formação dessa organização teve como objetivo ajudar na construção das Contribuições Nacionalmente Determinadas Pretendidas, INDCs. “Esse foi um processo de várias mãos. Um grupo de empresários juntamente com ambientalistas compreendeu que deveriam se unir para trabalhar junto com o Governo Federal nessa causa”, declarou. Saiba alguns tópicos abordados pelo especialista:

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Ações da Coalizão Brasil

Atualmente, a agenda dessa instituição é voltada ao uso da terra. O especialista considera um elemento extremamente importante para a economia tanto pecuarista quanto da agricultura, além de ser significativa para a quantidade de emissões de carbono no Brasil. “Nós entendemos que se realmente queremos um país harmônico, atraente para investimentos e que cumpra a missão de ser um grande fornecedor de alimentos no mundo precisamos compatibilizar a produção agropecuária com a conservação ambiental”.

Guimarães destaca que o país está sendo foco de pressões externas de mercado por conta do desmatamento e das queimadas. Com isso, a Coalizão publicou em setembro o manifestado Ações para a Queda Rápida do Desmatamento. O posicionamento conta com 6 propostas de enfrentamento dessa crise. “Estamos preocupados com o processo deletério do país. Isso é ruim para a nossa reputação, negócios, exportações e equilíbrio da sociedade brasileira”. As medidas são pensadas em curto prazo e inclui pautas como transparência de informações pelos governos e o reforço da fiscalização. “É sobre cumprir o código florestal e implementar a legislação que já existe. Uma combinação com a demanda e oferta de solução”. Ele relata que isso é uma questão circunstancial e o maior problema é um potencial colapso do sistema produtivo, porque a agricultura gera uma boa parcela do PIB nacional.

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Atuação conjunta

“Não dá para a gente imaginar o combate do desmatamento sem o envolvimento do governo central”, analisa o agrônomo. Ele ressalta que uma atuação conjunta é fundamental, pois a liderança do poder Executivo é a detentora de instrumentos de monitoramento, das forças armadas e policiais e das agências ambientais como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). “Independentemente da linha ideológica ou partidária, nós entendemos que o governo tem um papel a cumprir e que como organização da sociedade precisamos cobrar para que essa função seja bem executada”.

Discurso de Bolsonaro na ONU

A cúpula das Organização das Nações Unidas sobre biodiversidade ocorreu em 30 de setembro e, como tradição, o Brasil abriu o encontro. Ao citar o desmatamento nacional, o presidente da República comentou sobre a Operação Verde Brasil 2 que pretende rever essa situação e combater “esses problemas que favorecem organizações que, associadas a algumas ONGs, comandam os crimes ambientais no Brasil e no exterior”.

Questionado sobre essa declaração, Guimarães exemplifica a problemática da fala de Bolsonaro com a história do IPAM, que atua há 25 anos para entender e ajudar o desenvolvimento sustentável da Amazônia. “Quando o instituto foi fundado tínhamos em torno de 10% da Amazônia protegida em forma de território indígena e unidades de conservação. Hoje temos 50%”. Ele confirma que para a efetivação desses processos também há a colaboração da sociedade civil, que gera subsídio técnico para o país atingir esses resultados. “Isso é só um dos diversos casos em que as organizações ajudaram na solução de problemas que podem impactar a todos nós. O presidente procura inimigos onde não existe. Precisamos urgentemente de um espaço de diálogos. Temos um país para cuidar”.

Reportagem: Desmatamento na Amazônia

Diálogos Envolverde

André Guimarães também abordou a atuação do atual ministro do meio ambiente, Ricardo Salles e da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Teresa Cristina. Além de explicar sobre a relação da Coalizão Brasil com outros países e a necessidade de financiamento nacional para pesquisa.

Para acompanhar os outros tópicos desse debate, basta acessar o YouTube ou Facebook da Agência Envolverde. As lives do Diálogos Envolverde acontecem toda quinta-feira, às 11h,e são compostos por entrevistas com especialistas da área socioambiental.

*Conteúdo multimidiático produzido por estudantes de Jornalismo Presencial da Universidade Metodista de São Paulo, sob a supervisão dos professores Alexandra Gonsalez, Eloiza de Oliveira Frederico, Filomena Salemme e Wesley Elago.

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