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Albertina e seus sapos, destaque mundial

Por Tainá Ribas Wahnfried*, Especial para Plurale – 

Em outubro, a revista Plos Biology publicou um artigo que incluiu 600 cientistas brasileiros em uma seleção dos 100 mil cientistas mais influentes do mundo. Um deles, ou melhor, uma delas, é a doutora Albertina Pimentel Lima, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, bióloga pela Universidade Federal do Amazonas, com doutorado em Ecologia pelo INPA. Dedicada ao estudo de répteis e anfíbios, ela já descobriu, com seus alunos, mais de 30 novas espécies de anuros.

Para entrevistá-la, Plurale pediu ajuda à uma jovem estudante interessada em girinos que se tornam sapos sob seus cuidados. Tainá Ribas Wahnfried, 10 anos, vizinha da Doutora Albertina, em Manaus, filha de pesquisadore, aceitou o convite para fazer esta entrevista com ela:

Tainá Ribas Wahnfried, Especial para Plurale – Por que você escolheu esse trabalho?

Doc. Albertina Pimentel Lima – A principal razão é porque os anuros na Amazônia possuem muitas espécies e no início da minha carreira não havia pesquisadoras trabalhando com anuros. Outro motivo é que quando se olha de perto um sapo, são tão lindos que parecem brinquedos.

Um caboclo da beira do Rio Madeira me contou uma vez, que os sapos eram os brinquedos de Deus, pois eram tão delicados, bonitos, de muitas formas… só podia ser que quem os criou estava criando para brincar. Essa é sempre a sensação que tenho quando os olho de perto.

Plurale – Em que lugar você acha mais sapos?

Albertina Pimentel Lima – Próximo às margens de igarapés e poças.

Plurale –– Qual foi o sapo mais estranho que você já viu?

Albertina Pimentel Lima — Hemiphractus scutatus – e Pipa pipa – nas duas espécies, o macho carrega os ovos nas costas até completar a metamorfose. Quando os filhotinhos saem dos ovos já vemos um jovem sapinho.

Plurale –– Seus cachorros não caçam seus sapos?

Albertina Pimentel Lima – Não, todos têm substâncias tóxicas na pele que tem sabor muito desagradável, e os cães vira-latas já sabem disso. Porém os cães de raça que não tiveram contacto com os sapos, em geral os mordem e podem morrer intoxicados. A maioria só passa mal e depois não os mordem mais.

Plurale –– O que você gosta mais no seu trabalho?

Albertina Pimentel Lima — Andar no campo e encontrar novas espécies.

Plurale –– Você já achou alguma espécie nova?

Albertina Pimentel Lima – Sim, muitas. Até o momento, eu junto com meus estudantes já descrevemos 30 espécies de anuros, e temos mais de 30 que ainda estamos buscando mais informações para descrevê-las.

 

*Matéria é da “repórter-mirim” Tainá Ribas Wahnfried, de 10 anos, vizinha da pesquisadora

 

 

 

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