Diversos

CBJA 2019 – Resiliência e resistência

Por Dal Marcondes  –

Falar da Rede de Jornalismo Ambiental é descrever um movimento que começa no Rio Grande do Sul na década de 1990 e se espraia pelo Brasil no início deste século. Jornalistas das mais diversas mídias e acesso a públicos se aliaram em uma rede para ampliar a cobertura de temas socioambientais. Talvez o mais importante efeito dessa rede á que passamos a nos conhecer, gente que trabalha no Sul, no Norte, no Sudeste e Centro-Oeste, além de, claro, profissionais do Nordeste brasileiro, a RBJA, como é conhecida por sua sigla, reduziu as distâncias em uma país continental e transformou desconhecidos em colegas e amigos.

Mesmo sendo uma rede que surgiu e se fortaleceu em ambiente digital, desde 2005 temos realizado a cada dois anos o Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental (CBJA) uma oportunidade de reunir jornalistas de todo o Brasil para uma troca de experiências e aproximação, dar à cobertura ambiental uma noção de unidade nacional. Realizamos congressos em 2005 (Santos –SP), 2007 (Porto Alegre–RS),  2009 (Cuiabá –MT), 2011 (Brasília –DF), 2013 (Rio de Janeiro – RJ), 2015 (São Paulo – SP) e não conseguimos realizar o congresso de 2017, que estava previsto para a cidade de São José dos Campos (SP).

O cancelamento do CBJA de 2017 foi uma grande frustração, que se somou a muitas outras que de abateram sobre o país, sobre o jornalismo e sobre o meio ambiente neste período. Na época o argumento utilizado é de que não havíamos conseguido os recursos financeiros necessários para a realização do evento, o que é verdade, mas talvez não fosse o principal fator. O fato é que se abateu sobre nós um desalento.

Em 2019 completa quatro anos sem o Congresso de Jornalismo Ambiental, uma conquista de décadas e que ajudou a formar profissionais, criar novas mídias e manter um olhar atento sobre o meio ambiente no Brasil. Para o CBJA 2019 também não conseguimos grandes somas, como foi em 2005, quando a organização conseguiu bancar passagens aéreas de quase uma centena de pessoas, trazer colegas de diversos países, hospedar os profissionais em bons hotéis e realizar um grande Congresso, um marco na organização dos jornalistas ambientais brasileiros. O CBJA 2019 tem um simbolismo importante, é um marco de resiliência e resistência em um momento de desmonte de políticas sociais e ambientais em todo o país.

É importante que os jornalistas que cobrem pautas socioambientais se reconheçam como parte de uma institucionalidade. Muitos atuam de maneira solitária em regiões ermas do país, ou mesmo isolados em seu home offices nas grandes cidades, e com poucas oportunidades de trocas com colegas capazes de oferecer uma interlocução profissional e produtiva. Aquilo que Ignácio Ramonet chama de a “inteligência coletiva” de uma redação.

Demonstrar resiliência e resistência no exercício de uma profissão sob ataque é fundamental para garantir à sociedade o jornalismo de qualidade ao qual ela tem não apenas direito, mas a necessidade estrutural para seu processo evolutivo.

Nesse CBJA 2019 vamos trazer à baila temas relevantes como ciência, diversidade, profissão, empreendedorismo, modelos de negócios, e, claro, como ampliar e garantir que o brasileiro tenha acesso a um jornalismo comprometido com os fatos e com o desenvolvimento sustentável do país. Também vamos ancorar nossas ações nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, o que garante um olhar acurado sobre objetivos e metas para as próximas décadas.

Por que fazer um congresso de jornalistas ambientais? Porque o jornalismo exige evolução, porque a profissão demanda a inteligência coletiva de centenas de jornalistas debatendo, dialogando, trabalhando para oferecer à sociedade o melhor jornalismo possível!

SERVIÇO

CBJA 2019 – Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental

Dia 9 e 10 de agosto de 2019

Das 10 às 20 horas

Unibes Cultural – Rua Oscar Freira, 2500 – São Paulo – SP

Ao lado do Metrô Sumaré

Inscrições:  encurtador.com.br/coEH2

Dal Marcondes é presidente do Instituto Envolverde e diretor de redação da Agência Envolverde, além de presidente da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental (RBJA)