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Compliance pela sustentabilidade para evitar novas tragédias

Por Deivison Pedroza* – 

Tragédias como a de Mariana e Brumadinho, os incêndios ocorridos na Amazônia e o óleo derramado nas praias de todo o Nordeste brasileiro são exemplos claríssimos da falta de compromisso com o meio ambiente e com a sociedade. Tanto é verdade que o próprio Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) reconheceu esse último como o maior acidente ambiental em extensão já registrado no Brasil.

Desde 30 de agosto, com a ajuda das correntes marítimas naturais, foram identificadas enormes manchas que percorrem por centenas de localidades, em toda costa do nordeste. São milhares de quilômetros que vão do Maranhão até a Bahia. Em mais de um mês de trabalho para conter os danos, já foram recolhidas centenas de toneladas de um material que ainda não sabemos de onde veio e quem são seus responsáveis. É preocupante não saber o tamanho deste estrago ou para onde vai todo esse óleo bruto coletado.

O momento é de aprender com essa tragédia ambiental e agir para evitar tantas outras. Não temos e não existe uma fórmula pronta, mas existem processos capazes de ajudar na contenção de agressões ambientais como essas.  Entender que o meio ambiente e as pessoas são mais importantes e estão na frente de qualquer lucro é o primeiro passo a ser dado. Estamos falando de coisas cujo valor é imensurável, mas infelizmente as companhias parecem não se importar.

A partir do momento que tivermos essa compreensão, torna-se possível aliar o tripé econômico, social e ambiental e teremos assim a tão sonhada sustentabilidade. Você já deve ter ouvido falar em compliance pela sustentabilidade. No âmbito corporativo, esse termo significa estar de acordo e em conformidade com todos os atos, normas e leis referentes ao negócio, assegurando seu cumprimento de forma ética e íntegra. Seu conceito abrange ainda a configuração de mecanismos para prevenir, identificar e corrigir qualquer inconformidade que possa surgir em qualquer etapa da operação da organização. Se o compliance fosse aplicado pela maioria das empresas brasileiras, principalmente as com potencial de impacto danoso ao meio ambiente, com certeza muitas dessas tragédias ambientais seriam evitadas.

O derramamento de óleo, as queimadas na Amazônia e tantas outras tragédias nos mostram o quanto as empresas precisam entender, pensar e colocar em prática programas de compliance pela sustentabilidade. Estar em compliance significa, além de tudo o que falamos, manter o equilíbrio entre o meio ambiente, a sociedade e o mundo.

Não sabemos quem é a empresa responsável pelo derramamento de óleo, mas sabemos que quando tudo estiver esclarecido, essa instituição sofrerá grandes penalidades. Imagine a publicidade negativa dessa companhia, as perdas financeiras, a redução de possíveis clientes e de investidores, a diminuição dos lucros e, no pior cenário possível, a declaração de falência. Tudo isso poderia ser evitado.

Não se fala o nome de nenhuma organização responsável por esse óleo. Mas será que essa organização parou um minuto de pensar nos lucros para analisar como o compliance pela sustentabilidade poderia resguardar sua imagem?

Ganhar a confiança do público gera um valor incalculável. Confiança é uma das melhores ativos para a competitividade do negócio, pois estimula o desenvolvimento de toda a sociedade através de transparência, ética e integridade nas relações. Essa é a base para a verdadeira sustentabilidade. Estar de acordo com o verdadeiro significado da palavra sustentabilidade nos fará entender que de nada adianta ter a tecnologia mais avançada se não soubermos olhar para o meio ambiente com respeito.

Compliance pela sustentabilidade é fazer o certo, independente onde você está, qual sua empresa, seu trabalho ou o seu país. As manchas de óleo no litoral do Nordeste brasileiro não se trata de uma questão de país. Trata-se na verdade de uma questão de atitude, de ser humano, de olhar para o próximo, de ter uma visão mais humanizada principalmente para as questões ambientais. Vamos, portanto, parar de querer tapar o sol com a peneira e começar a agir. O meio ambiente não pode mais esperar.

*Deivison Pedroza é CEO do Grupo Verde Ghaia

 

 

 

 

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