Opinião

Fábulas Fabulosas: O homem que soluçava

Por Samyra Crespo* – 

Era uma vez um TIRANO VITUPERANTE, num reino imaginário, que tinha por hábito praticar diariamente o destempero com seus empregados, súditos e quem mais encontrava pela frente: escolhia sempre as palavras mais azedas, mais ferinas e degradantes – chulas – para dirigir-se a quem quer que fosse. Seu alvo preferido eram as mulheres, os jornalistas e certas emissoras de televisão. Mas não poupava as minorias nem os vulneráveis. E por sofrer de um daltonismo ao contrário – só enxergava o vermelho, o resto para este desditoso tirano era tudo branco e preto. E à noite, em sua cama, só o visitava a escuridão.

Um dia, sem a audiência costumeira, de acólitos e puxa sacos que o aplaudiam, começou a praguejar sozinho diante do espelho, e por uma auto-magia, mesmerização ou auto hipnotismo, ENGOLIU as próprias palavras. Que gosto amargo!!! Como tijolos e gilletes elas foram pesando, rasgando, queimando, causando soluços que passaram de desconfortáveis a dolorosos. Até que lhe atingiram os intestinos. Foi então que ele compreendeu toda a sina dos dragões que cospem fogo.

Louise Hay, uma autora conhecida no mundo das “terapias holísticas “, afirma em seus livros que cada doença está ligada a uma emoção. E que as emoções em desequilíbrio causam doenças e destroem nossos órgãos. Assim, o medo causa as doenças da bexiga, os afetos mal resolvidos se manifestam nos cardíacos e a raiva no pâncreas e nos intestinos.

Para ela a raiva seria a mais destrutiva das emoções.

 

*Samyra Crespo é cientista social, ambientalista e pesquisadora sênior do Museu de Astronomia e Ciências Afins e coordenou durante 20 anos o estudo “O que os Brasileiros pensam do Meio Ambiente”. Foi vice-presidente do Conselho do Greenpeace de 2006-2008.
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