Opinião

Natureza: conservar para quê e para quem?

Por Samyra Crespo –

Defendi, nos meus dois textos anteriores, que o CONSERVACIONISMO é o principal eixo estruturante do ambientalismo e que essa doutrina, se assim quisermos, nem na sua origem ou desenvolvimento guarda qualquer afinidade teórica com o marxismo.

Começou como movimento e depois conhecimento técnico no país mais capitalista do mundo: Estados Unidos. No século XIX, mesmo tempo em que o marxismo começava a florescer nas sociedades industrializadas sobrepondo-se ao proudonismo e ao anarquismo.

Nasce o conservacionismo como reação aos excessos da “Conquista do Oeste”, à dizimação dos rebanhos de animais selvagens e ao corte massivo e indiscriminado de madeira.

É preciso tirar todos os sete véus das virgens míticas da história que reputamos como ‘ocidental’ e ‘cristã’.
Em todas as épocas esta história se resume em uma saga de violência do mais forte sobre os mais fracos, disputas entre intolerantes (fanatismo religioso) e eliminação de populações nativas. Simples ou complicado assim.
Nada mais longe do MARXISMO CULTURAL do que a doutrina de conservação dos parques americanos, que se estendeu pelo mundo como uma cultura de defesa da vida selvagem e de áreas naturais pela liga mais antiga de cientistas, técnicos e ativistas do mundo: a UICN – União Mundial de Conservação da Natureza (dos anos 30).

A ONU com suas conferências de meio ambiente, principalmente 1992, nada mais fez do que ordenar esse conhecimento acumulado e torná-lo disponível para os países membros. Hoje a Convenção da Biodiversidade (CDB) é o repositório da evolução da doutrina da Conservação.

Vamos agora olhar de perto os vieses ideológicos do conservacionismo.

Em primeiro lugar olhemos para as organizações que atuam nesta área: Sierra Club (mantida por 50 milhões de sócios americanos), World Wilde Life Fund (WWF – presidida por monarcas), a Nature Conservancy (sede em Washington), o Greenpeace (sede na Holanda), a SOS Mata Atlântica (Com fortes alianças empresariais). O que têm de marxistas?

Está certo, o Greenpeace sai um pouco da curva. Picha com spray focas bebês para não virarem casaco de madame. Fizeram o relatório mais completo sobre a cadeia da carne na Amazônia. Rastreando grileiros, fazendas ilegais e frigoríficos clandestinos. Sim, contrariam intereses. São pejorativamente chamados de ‘ecoterroristas’.

Porque caminham pelo Brasil disseminando energia solar. E tentam no arroubo da juventude de seus ativistas impedir os japoneses de matar baleias fora de suas águas territoriais.

Do ponto de vista estritamente ideológico, doutrinário, o conservacionismo divide-se em duas principais vertentes: a que tem por base uma visão edênica da natureza e a ecossistemica, que se nutre nos conhecimentos científicos da ecologia e da genética.

A estas voltaremos.
Aguardem!!!

Samyra Crespo se define como “ambientalista, otimista e amante do Brasil”