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O Brasil da Avenida, do Código Florestal e da COP-11 da biodiversidade

Onça Pintada. Foto: Araquém Alcântara

Já está circulando a revista ECO 21 de outubro de 2012. Uma das principais publicações sobre meio ambiente e sustentabilidade no Brasil, a ECO 21 deste mês traz excelentes textos. Veja abaixo do editorial o índice da edição.

Editorial

Enquanto o País parava para saber quem matou Max na telenovela Avenida Brasil, a Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, explicava no Palácio do Planalto os vetos da Presidenta Dilma Rousseff ao novo Código Florestal e o Secretário-Executivo do MMA, Francisco Gaetani, lutava em Hyderabad, Índia, na COP-11 da Convenção sobre Diversidade Biológica pela preservação dos biomas brasileiros – e do resto do mundo – que o Congresso Nacional empenhou-se em destruir.

Segundo Edélcio Vigna, Assessor político do Instituto de Estudos Socioeconômicos “Os vetos presidenciais ao Código Florestal não diminuirão os efeitos nocivos às florestas e aos recursos naturais. O impacto negativo da legislação não incidirá somente sobre as florestas, mas sobre os rios, manguezais e as áreas pantanosas. A importância do Código é que poderá alterar os ciclos dos biomas, prejudicando milhares de espécies que mantém o equilíbrio natural e a revitalização da vida nos seus diversos ciclos reprodutivos. As enchentes periódicas do Pantanal, por exemplo, são responsáveis por revigorar o solo e manter a produtividade, assim como os ciclos de chuva na região amazônica”.

Já em Hyderabad o tom era completamente oposto: foram disponibilizados substanciais recursos para cumprir as Metas de Aichi, que pretendem, até 2020, promover a proteção dos ecossistemas mundiais. “O importante é que os países ricos dobrarão as suas doações com base na média entre 2006 e 2010. Isso significa que teremos mais 3 bilhões de Euros adicionais para apoiar as Metas de Aichi”, afirmou Gaetani.

Os ambientalistas mais exigentes, como a ONG espanhola “Ecologistas en Acción”, manifestaram que o “Plano Estratégico 2012-2020” de Hyderabad não fala num apoio econômico aos países, mas do incremento dos fluxos financeiros internacionais. Não faz menção a ações financeiras diretas para a conservação, mas permite que qualquer fluxo especulativo relacionado com a biodiversidade poderá contar como ajuda econômica. Da mesma forma, consolida as bases para estudar novos mecanismos financeiros que poderiam se converter em mecanismos de mercado para gerar mais benefícios privados e não de proteção da natureza, como aconteceu com o mercado de carbono do Protocolo de Kyoto.

Depois de duras discussões sobre o financiamento, ambas as partes cederam um pouco. Os países industrializados prometeram dobrar até 2015 suas contribuições, aumentando para 8 bilhões de Euros anuais, sendo que a maior parte é da União Europeia.

A COP-11 de Hyderabad salvou de forma precária a biodiversidade mundial.

Índice

José Eli da Veiga – O foco da Agenda Pós-2015

Noam Chomsky – Romney e Obama ignoram desastre ambiental e nuclear

Cúpula dos Povos – A economia que precisamos

Free Exchange – A geografia da pobreza

Ivan Richard – Mensagem presidencial explica os 9 vetos ao Código Florestal

Raul do Valle – O novo Código e o remendo florestal

Paulenir Constâncio – Lei Florestal já está em processo de implantação

ASCOM MMA – COP-11 na Índia garante recursos para Metas de Aichi

Manipadma Jena – Entrevista com Bráulio Dias

Ricardo Coelho – Sacrificando a biodiversidade no altar dos mercados

Ederson Zanetti – A capitalização da natureza

Fábio de Castro – A interface entre ciência e governo deve gerir desastres

Elton Alisson – Entrevista com Úrsula Oswald Spring

Juana Lucini – A chave das mulheres

Sophia Gebrim – Consumo de orgânicos cresce 40% ao ano no Brasil

Ronaldo R. de Freitas Mourão – Histórico da Hora de Verão

Ana C. Oliveira – Lâmpadas incandescentes deixaram de ser fabricadas

Alana Gandra – Desenvolvimento sustentável nas comunidades pacificadas

Paloma Rodrigues – Leis ainda não dão aos índios o direito à posse de terras

Eduardo Rodrigues – Entrevista com Maurício Antônio Lopes

Juan Mattheus – A história evolutiva dos sapos na Amazônia

Aécio Amado- Rio incentiva uso da bicicleta

Lirismar Campelo – Mare Nostrum

John Vidal – Escassez de água obrigará a uma dieta vegetariana

Xico Graziano – Laranjas azedas

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