Opinião

O caminho para um verdadeiro ano novo!

Foto: Shutterstock
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Por Liliane Rocha*

Períodos de festas são momentos simbólicos que trazem consigo um convite à reflexão, à autoavaliação e à oportunidade de olhar o mundo sobre uma perspectiva mais humana, mais humanitária.

Neste sentido, nos chama a atenção a imensa quantidade de mensagens e desabafos, seja na mídia oficial ou nas redes sociais, nas quais as pessoas bradam que 2015 foi um ano esquisito, um ano com perdas, um ano que vai tarde. E o mais importante, afirmam desejar, almejar, esperarum 2016 melhor, para elas próprias e para o mundo. Mas, afinal quem vai tornar o ano de 2016 melhor?

É fundamental que neste ciclo que se inicia possamos realizar uma leitura crítica da sociedade. Aquela análise que às vezes dói, aquela que as vezes incomoda, porque sai da busca simples e desenfreada por um vilão, um culpado e estampa em nossa face um espelho que mostra que em é o verdadeiro responsável por construir uma sociedade melhor.

Exemplos são muitos e latentes. Para além das empresas e do governoserá que teríamos em coletividade ou individualmente alguma conexão com alguns dos críticos acontecimentos desse ano que está partindo? Já reforço de saída que não pretendo aqui de forma alguma eximir esses dois setores de sua plena e total responsabilidade, ou melhor, irresponsabilidade em alguns acontecimentos que serão mencionados. Quero, no entanto, convidá-los a um olhar no qual inserimos cada um de nós de forma ativa, clara e direta na equação que diz respeito ao nosso papel rumo a sociedade que tantos dizemos querer.

Sejamos sinceros, quantos de nós pararam para refletir sobre o ciclo completo de uma empresa da cadeia mineradora? A empresa minera, de forma desenfreada cada vez mais impactante e com omissão de fiscalização adequada do poder público, porém em uma parte desse ciclo estamos eu e você. O minério extraído pelas mineradoras no fim se torna novos televisores, novos celulares, novos carros, nos aparelhos dos mais diversos em prol da manutenção de umasociedade pautada em consumo. Será que nosso consumo desenfreado tem contribuído para o sistema de mineração de metais mais predatório? De onde vem o material de base para o nosso i phone e galaxy, trocado a cada ano?

No início da cadeia do seu celular, está a mineradora e no final seu aparelho se torna Resíduo de Equipamento Eletrônico (REEE), que se descartado de forma incorreta é altamente poluente. Em 2015 estima-se que 1,247 mil toneladas de resíduos eletrônicos foram descartados.

Mudando de setor, na indústria têxtil, quem de nós está disposto a simplesmente parar de consumir produtos que notoriamente são fabricados por trabalhadores em situação análoga ao trabalho escravo?  Por vezes por crianças em trabalhos análogos ao escravo?

Todos queremos ter nossos direitos reconhecidos, contanto que não precisemos garantir os diretos de mais ninguém. E acabar com a pobreza e a forme no mundo sem que precisemos partilhar. Políticos mais competentes e honestos, contanto que não precisemos realizar nenhum tipo de acompanhamento. Quais foram os votos do seu deputado e do seu senador nos projetos relevantes para a nação ao longo de 2015? É acompanhar dá trabalho, requer tempo e disposição.

As pessoas ficam horrorizadas com as milhares de mortes dos Sírios e com o atentado em Paris, mas não conseguem perceber que quando discriminam alguém diferente delas em seu cotidiano estão reproduzindo o mesmo ciclo de ódio e segregação.

Todos queremos ter um 2016 melhor e todos podemos, de fato, ter um 2016 melhor. É mais simples e mais fácil do que parece. Basta despertar a consciência de que a cada gesto simples, estamos literalmente construindo o mundo ao nosso redor. Sair de uma posição de agente passivo para protagonista ativo. Fazendo de cada passo e cada tomada de decisão, uma ação consciente e criadora da sociedade que queremos. Para 2016, para 2017 e para as próximas gerações. (#Envolverde)

* Liliane Rocha é diretora Executiva da empresa Gestão Kairós (www.gestaokairos.com.br), mestranda em Políticas Públicas pela Fundação Getúlio Vargas, MBA Executivo em Gestão da Sustentabilidade na FGV, Extensão de Gestão Responsável para Sustentabilidade pela Fundação Dom Cabral, graduada em Relações Públicas na Cásper Líbero. Gestora com 11 anos de experiência na área de Responsabilidade Social tendo trabalhado em empresas de grande porte – tais como Philips, Banco Real-Santander, Walmart e Grupo Votorantim. Escreve mensalmente para Envolverde sobre Diversidade.