Ambiente

O desafio de conciliar água e energia em tempos de crises hídricas

Por Reinaldo Canto para a Envolverde* – 

Durante três dias em junho (de 13 a 15), nas instalações da Itaipu Binacional no Brasil e no Paraguai, foi realizado a primeira edição do Simpósio Global de Soluções Sustentáveis para Água e Energia parceria da empresa hidrelétrica com a UNDESA – Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas.

Diante dos efeitos cada vez mais dramáticos causados pelas mudanças climáticas, o que antes pareciam ser as melhores soluções, passaram a ser questionadas em função de seus impactos.

Em função da exuberância dos rios brasileiros a energia hidrelétrica desde há muito tempo era vista como um caminho seguro por muitas lideranças do país, mesmo tendo em vista os prejuízos ambientais e sociais provocados por essas imensas obras que, invariavelmente, trouxeram inúmeros problemas resultando em perdas enormes para populações ribeirinhas e profundos impactos a flora e fauna. Mas os desenvolvimentistas concluíam, então, que os custos compensavam os benefícios.

Eis que as cada vez mais constantes crises hídricas passaram a colocar em xeque a produção de energia utilizando um insumo vital para a sobrevivência de todas as espécies, inclusive a nossa.

Os representantes dos 22 países que participaram do Simpósio, vindos dos setores público e privado, estavam cientes dessas consequências, mas também da importância que a energia gerada pelas hidrelétricas segue representando nesse cenário de urgente necessidade de reduzirmos o uso de fósseis. Conciliar todas essas questões, portanto, foi o desafio do encontro em Foz do Iguaçu, no Paraná e em Hernandárias, do lado paraguaio.

Para Minoru Takada, líder de Energias Renováveis do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU (UNDESA) é possível avançar em gestões mais eficientes “Existem soluções em água e energia que nos mostra como somos capazes de alcançar um desenvolvimento sustentável”.

A troca de experiências e informações mostradas nos três dias de simpósio apontaram caminhos possíveis para conciliar a exploração energética da água sem comprometer as outras fundamentais funções do insumo. Ações como o aprimoramento da conservação da água, uso de novas tecnologias e a atenção especial ao cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU com destaque para os ODS 6 (Água Potável e Saneamento) e ODS 7 (Energia Acessível e Limpa), estiveram entre as principais conclusões que estão sendo colocadas em prática e replicadas.

Conclusões e Compromisso

O especialista em Desenvolvimento Sustentável da Undesa, Martin Niemetz apresentou ao final do encontro um documento aprovado por todos os participantes com os pontos considerados fundamentais, entre eles, a necessária sinergia para a cooperação na mitigação de problemas climáticos; o fortalecimento de políticas de longo prazo para as questões envolvendo água e energia e a ampliação dos esforços que requerem também a destinação de mais recursos financeiros com objetivos como o de acelerar o investimento em novas tecnologias e soluções como o uso do hidrogênio verde (elemento químico mais abundante na natureza).

Segundo o diretor de Coordenação brasileiro da Itaipu, Luiz Felipe Carbonell, a maior hidrelétrica do país pode desempenhar um papel importante para que tanto o Brasil como o Paraguai a cumprir as metas globais e sintetiza sobre as conclusões do Simpósio, “pudemos ver exemplos bem-sucedidos de manejo de territórios e de água. Essas iniciativas são fundamentais para estabelecermos estratégias para ultrapassar possíveis crises”.

Em tempos de aquecimento global encontros como esse tem importância vital para discutir e implementar mudanças urgentes que definirão o futuro do nosso planeta e, claro, de todos nós seus habitantes.

*O jornalista esteve presente ao simpósio a convite da Itaipu

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