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O mundo caminha para um futuro eólico e solar

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Paisagem com animais. Arte: Alexander Calder

A edição de junho de 2016 da Eco21, uma das principais publicações sobre meio ambiente e sustentabilidade no Brasil, traz excelentes textos. Veja o editorial e o índice.

Por Lúcia Chayb e René Capriles –

Em 2015, as energias renováveis representavam 32% da produção de eletricidade na Europa e atingirão 70% em 2040.

Esta previsão foi publicada pelo PNUMA no seu informe intitulado “New Energy Outlook 2016 – NEO 2016”, encomendado à Bloomberg New Energy Finance (BNEF). E isso é somente o início da grande mudança que está acontecendo no âmbito da geração de energia, afirmou Elena Giannakopoulou, economista especializada em energia e uma das autoras do informe.

Por causa do seu custo cada vez menor, as fontes limpas serão as mais baratas em muitos países já na década de 2020 e em quase o mundo inteiro a partir de 2030. Os preços do gás e do carvão continuarão baixos, mas isso não vai impedir uma transformação radical do sistema eléctrico mundial nas próximas décadas a favor das energias renováveis, como a eólica e a solar. Outro dado relevante é que a demanda de combustíveis fósseis para gerar eletricidade finalizará em menos de 10 anos, não porque estejam se esgotando as reservas de gás e carvão, mas porque estão se encontrando alternativas mais econômicas para a geração e armazenamento de energia.

Segundo os dados do NEO 2016, o custo de geração com energia solar cairá 60% até 2040, e o da eólica 41%. Em, em 2030 as energias solar e eólica serão as fontes mais baratas na maior parte do mundo, segundo a BNEF. “Em 2025 acontecerá o pico do consumo de gás, carvão e petróleo; os fatores econômicos cada vez estão cada vez mais definidos; dito de outra forma, não haverá uma era dourada para o gás natural, esse ‘combustível ponte’ que levaria o mundo baseado no carvão para o das energias renováveis”, disse Seb Henbest, outro dos autores do informe. Ainda segundo o NEO-2016 serão investidos globalmente pelo menos US$ 7.8 trilhões em energias “verdes” entre 2016 e 2040, dois terços do investimento em toda a capacidade de geração de energia, distribuídos assim: 3,4 trilhões em energia solar, 3,1 trilhões em eólica quase um bilhão em hidráulica.

Na contramão das aplicações financeiras, as energias fósseis atrairão investimentos de até, no máximo, US$ 2,1 trilhões, sobretudo nos países emergentes. Mas, para levar as emissões mundiais a uma faixa compatível com a meta climática de menos de 2°C proposto na COP-21 em Paris, serão necessários alguns trilhões a mais. Não se deve esquecer que quando um projeto solar ou eólico está construído, o custo da eletricidade gerada é mais ou menos zero (eletricidade grátis, como já aconteceu recentemente no Chile) enquanto que as usinas a carvão ou gás necessitam mais combustível para cada novo watt produzido.

O Brasil já está colocado entre os maiores produtores de energia eólica do mundo. O levantamento “Energia Eólica no Brasil e Mundo”, do Ministério de Minas e Energia, aponta que o país foi o quarto colocado no ranking mundial de expansão de potência eólica em 2014. As nações que realizaram um avanço superior ao Brasil em 2014 foram a China (23.149 MW), Alemanha (6.184) e EUA (4.854). No mesmo período, o Brasil teve uma expansão de potência instalada de 2.686 MW. A legislação também acompanha as inovações “verdes”; no mês passado foi aprovada por unanimidade na câmara municipal de São Francisco (Califórnia) uma lei que determina que todo novo edifício residencial ou comercial de até 10 andares será obrigado a instalar painéis solares em seus telhados. Paris (França) também dispõe dessa medida. Projeto semelhante está sendo apresentado em São Paulo pela DASOL.

Sem dúvida nenhuma, o NEO-2016 está se transformando numa Bíblia para os novos empresários globais. “Não se pode lutar contra o futuro”, escreveu Seb Henbest no informe.

Gaia Viverá!

Índice

04 Claudio Angelo – Saída britânica mina liderança da UE no clima

06 Shereen Zorba – UNEA-2 aprova resoluções sobre o Acordo de Paris e estimula sustentabilidade

08 Carlos R. V. da Silva Filho – Riscos e atrasos na Agenda Sustentável do Brasil

09 José Serra – Todos a bordo para cumprir a Agenda 2030

10 Leonardo Aguilar – Brasília sediará o 8º Fórum Mundial da Água em 2018

12 Washington Novaes – Por que o consumo de água aumentou no Brasil?

14 Gonzalo Colque – O auge e a queda do conceito do “Bem Viver”

18 Lúcia Chayb – Entrevista com Izabella Teixeira

22 Raquel Rolnik – Privatizar os Parques paulistas?

23 Carlos Minc – Liberdade para poluir

24 Isabelle Meunier – Por que o Brasil está discutindo a PEC 65?

28 Lúcia Chayb – Entrevista com Samyra Crespo

32 Jean Marc von der Weid – Agricultura brasileira e o aquecimento global

34 Thomas C. Patriota – Agricultura familiar e desenvolvimento sustentável

36 Sucena Shkrada Resk – Mortes de ambientalistas não podem virar estatísticas

38 Nurit Bensusan – O mundo está com febre

40 Rodolfo Nardez Sirol – A sustentabilidade e a crise

41 Alvaro Almeida – Para que serve o propósito?

42 Raphael Sanz – Entrevista com Viviane Schuch e Dante Pavan

46 Tasso Azevedo – Clara, seus amiguinhos e a natureza ao redor

48 Evaristo Eduardo de Miranda – Velho Chico

50 Pe. Josafá Carlos de Siqueira SJ – Um ano da Laudato Si

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