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ONU estima crescimento de 17% nas necessidades de ajuda humanitária em 2022

Por ONU Brasil – 

O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) alertou que um total de 274 milhões de pessoas ao redor do mundo vão precisar de ajuda humanitária e proteção em 2022, um aumento de 17% em relação a 2021.

A proposta de ação humanitária para o próximo ano inclui 37 planos de respostas em 63 países. É estimado que um valor de 41 bilhões de dólares será necessário para atingir as 183 milhões de pessoas mais necessitadas.

A crise climática, os conflitos em diversas partes do mundo e a pandemia da COVID-19 são os principais fatores que agravam as necessidades humanitárias e a fome em diversos locais.

mulheres moçambicanas recebem ajuda humanitáriaLegenda: Em 2021, o sistema humanitário entregou comida, medicamentos, ajuda médica e outras assistências essenciais a 107 milhões de pessoas – Foto: © ACNUR Moçambique

Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) alertou, na quinta-feira (02), que um total de 274 milhões de pessoas ao redor do mundo vão precisar de ajuda humanitária e proteção em 2022, um aumento de 17% em relação a 2021.

O chefe do OCHA, Martin Griffiths, disse que o total equivale à população do quarto país mais populoso do mundo – a Indonésia – no lançamento do Panorama da Ação Humanitária Global para 2022, em Genebra.

O documento, publicado anualmente pelas Nações Unidas e parceiros, inclui 37 planos de respostas em 63 países.

É estimado que um valor de 41 bilhões de dólares será necessário para atingir as 183 milhões de pessoas mais necessitadas.

Os mais vulneráveis são os mais impactados

Griffiths afirmou que a crise climática está atingindo primeiro e mais gravemente as populações mais vulneráveis. Além disso, conflitos prolongados se agravaram e a instabilidade piorou em diversas partes do mundo, particularmente, na Etiópia, em Myanmar e no Afeganistão. Por último, a pandemia da COVID-19 continua a impulsionar crises humanitárias em diversos locais.

“Meu objetivo é que esse apelo global possa restaurar de alguma forma a esperança em milhões de pessoas, que precisam desesperadamente de ajuda”, afirmou o chefe da ação humanitária da ONU.

Extrema pobreza aumenta

De acordo com o relatório, mais de 1% da população mundial está deslocada e a extrema pobreza voltou a crescer.

Em muitas crises, mulheres e meninas sofrem ainda mais, já que desigualdades de gênero e riscos de proteção se intensificam.

O chefe do OCHA apontou ainda que há 45 milhões de pessoas, em 43 países, com risco de fome.

Para impedir a fome global e para enfrentar as principais ameaças de inseguridade alimentar (conflito, crise climática, COVID-19 e crise econômica), cerca de 120 organizações da sociedade civil – sendo que quase 100 delas se localizam em países extremamente afetados pela fome – publicaram um pedido conjunto aos líderes para que financiam completamente as respostas humanitárias.

ajuda humanitária afeganistãoLegenda: O Afeganistão é um dos países que lidera a lista de cobertura da ajuda humanitária
Foto: © Andrew Quilty/WFP

Países cobertos

No topo da lista dos países que necessitam de ajuda estão países como Afeganistão, Síria, Iêmen, Etiópia, Sudão, Sudão do Sul, Somália, Nigéria, Mianmar.

O único país de língua portuguesa com um Plano de Resposta Humanitária a ser coberto é Moçambique, com cerca de 1,5 milhão de pessoas que necessitam de ajuda. A resposta humanitária quer alcançar 1,2 milhão de pessoas com 388,5 milhões de dólares.

Na América Latina, Colômbia, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras e Venezuela também estão na lista dos países cobertos.

Um ano de desafios e conquistas

Em 2021, graças a doações generosas, o sistema humanitário superou o desafio e entregou comida, medicamentos, ajuda médica e outras assistências essenciais a 107 milhões de pessoas – 70% do objetivo total.

Martin Griffiths destacou que, no Sudão do Sul, mais da metade das pessoas foram retiradas do risco de fome e, no Iêmen, a ajuda médica foi entregue a 10 milhões de pessoas. Ele também sublinhou que agências humanitárias nunca deixaram o Afeganistão, mesmo com a tomada de poder pelo Talibã em agosto. Segundo ele, os trabalhadores humanitários têm um programa de ação para 2022, três vezes maior que o realizado esse ano por conta da necessidade crescente.

A ajuda pode fazer a diferença

O chefe do OCHA agradeceu aos doadores e aos Estados-membros que, até agora em 2021, providenciaram mais de 17 bilhões de projetos incluídos no Panorama da Ação Humanitária Global, mesmo com a crise econômica instaurada pela pandemia.

Entretanto, ele reiterou que “não é muito dinheiro quando comparado ao necessário”. O financiamento continua em menos da metade do solicitado pela ONU e pelas organizações parceiras.

“A ajuda importa e faz toda a diferença, mas não é uma solução, como nós vemos no Afeganistão. Assistência não é a cura, não é a forma de estabilizar as sociedades. Não substitui a ajuda ao desenvolvimento, o financiamento da sociedade e da economia. É um extra, um salva-vidas. Nós temos consciência que não vamos receber os 41 bilhões de dólares, mas nós tentamos mesmo assim e recebemos aquilo que conseguimos”, explicou Griffiths.

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