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Habitats do Mico-Leão Dourado ganharão as primeiras passagens de fauna suspensas

As instalações já estão realizadas e tem previsão de entrega para fevereiro deste ano

Visando restabelecer a conectividade funcional, os padrões de movimentação e acesso aos fragmentos florestais, cortados por dutos que dividem a mata, a Reserva do Poço das Antas e Reserva União, que interligam os municípios cariocas Silva Jardim e Casimiro de Abreu, estão prestes a ganhar as seis primeiras passagens de fauna suspensas. Estima-se que essas estruturas possam ajudar a salvar a vida de mais de 430 mico-leões-dourados que habitam a região.

As intervenções estão sendo realizadas pelo Grupo Eco & Eco, empresa brasileira pioneira em desenvolver e implementar estruturas inovadoras em áreas ambientais. A companhia destaca-se por ser especialista em desenvolver e implantar modelos de passagem de fauna suspensa, e subterrâneas, em todo território brasileiro.

O processo de instalação das passagens de fauna envolve diversas etapas que estão sendo realizadas há mais de cinco anos, quando uma equipe de pesquisadores, que envolveu biólogos, veterinários, mestres e doutores, trabalharam monitorando toda a região. Após esse levantamento inicial, foi feito um desenho amostral do tipo BACI design.

“Essa pesquisa também foi importante para o monitoramento de espécies-alvo da região, como mico-leões-dourados, preguiça-de-coleira, ouriço-cacheiro por sensores de telemetria, pequenos mamíferos por captura-marcação-recaptura e outras espécies a partir de armadilhas fotográficas que constatou o efeito ‘barreira’ imposta pela faixa de dutos”, relatou  a doutora Priscila Lucas, coordenadora das pesquisas.

A partir dessas pesquisas iniciais foram identificados quais locais seriam apropriados para instalação das passagens de fauna e qual o tipo adequado; foi optado pelas estruturas suspensas multi espécie.

Com base nos estudos e conclusões da equipe de pesquisadores,  foi encaminhado para equipe de engenharia do Grupo Eco & Eco, empresa responsável pelas instalações, um  pacote de necessidades para criar um ambiente de pontes que pudesse se assemelhar com o habitat natural de deslocamento dos animais.

“Após esse levantamento inicial, uma equipe de engenharia composta por um arquiteto, um engenheiro civil e um engenheiro mecânico modelou e desenhou um anteprojeto atendendo as necessidades levantadas. Foram seguidas todas as normas técnicas de construção de estruturas de madeira e cabos de aço, além de toda a regulamentação de segurança e limitações existentes na atuação sobre a faixa de dutos”, comentou Wilson Miguel.

Outros estágios foram cumpridos para a realização do projeto, entre eles: a avaliação e validação do esboço pela equipe de pesquisadores, elaboração dos projetos executivos e submissão do mesmo para aprovação da Transpetro e Petrobras, empresas responsáveis pela operação dos dutos que cortam a região.

Após aprovação da equipe técnica das empresas foi realizada a elaboração do projeto de licenciamento ambiental e, posteriormente, a obtenção das licenças ambientais. Além disso, foi feita a  preparação das peças em oficina especializada, assim como todos os serviços de escavação, obras civis  da infraestrutura e a montagem das pontes no solo. Por fim, houve a instalação das pontes em que foram utilizadas técnicas de alpinismo industrial.

Depois da finalização das etapas anteriores, será feita a instalação das câmeras trap e outros dispositivos de monitoração. Junto com isso acontecerá o monitoramento constante das passagens, podendo ter sugestão de ajustes na estrutura e posteriormente pequenas alterações no projeto que serão realizadas até alcançar os resultados esperados para essa obra.

Três estruturas já foram completamente instaladas, duas na Reserva Biológica União e outra na Fazenda Iguape, próxima à sede da Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD).  As demais passagens estão previstas para serem entregues no final de fevereiro deste ano.

As passagens de fauna serão monitoradas e avaliadas exclusivamente pelos pesquisadores da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro e parceiros. Além do monitoramento, serão feitas as avaliações de eficácia das passagens nas diferentes fases do projeto.

Passagens de Fauna

Esse tipo de solução, que é comum ao redor do mundo, está ganhando cada vez mais espaço nas rodovias, ferrovias e outras construções lineares. As passagens de fauna podem variar entre alguns tipos: as subterrâneas, que são espécies de túneis que fazem a ligação entre um espaço de vegetação e outro. Apesar de serem túneis, elas são revestidas por alguns materiais para parecer o mais natural possível.

Outra forma de restabelecer a conectividade funcional são os ecodutos, uma espécie de “passarelas” verdes. São viadutos de concreto revestidos com a mata da região para o tráfego dos animais. Além disso, outra passagem de fauna comum é a suspensa, que são estruturas de madeiras, semelhantes a uma ponte, permitindo vias de deslocamento para animais de pequeno porte, como arborícolas e escansoriais.

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