Sociedade

Relatório BRICS: cooperação entre poderes emergentes pode acelerar o progresso na educação

Foto: UNESCO/Bakary Emmanuel Daou
Foto: UNESCO/Bakary Emmanuel Daou

 

Novo Relatório da UNESCO recomenda que uma colaboração mais efetiva entre as cinco economias do bloco BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que promoveram grandes avanços no desenvolvimento de melhores sistemas educacionais pode acelerar o progresso na educação.

O Relatório BRICS: construir a educação para o futuro, é a primeira análise aprofundada que visa a identificar os sucessos e os desafios enfrentados pela educação nesses países. Atualmente, o grupo BRICS fornece educação para mais de 40% da população mundial.

Uma das principais conclusões do relatório é que os países BRICS têm feito uso efetivo de políticas inovadoras para melhorar a qualidade da educação, bem como para expandir a formação técnica e profissional e a educação superior. Por exemplo, o Brasil desenvolveu um dos mais abrangentes sistemas de avaliação do mundo, no qual uma combinação de informações – como as matrículas escolares e as taxas de conclusão – é utilizada para estabelecer objetivos para promover melhorias e orientar reformas. Uma nova lei estabelecida na Índia, que exige o gasto de 2% dos lucros das empresas em atividades de responsabilidade social corporativa, é de interesse de todos os governos que procuram formas de custear níveis maiores de educação e de desenvolvimento de habilidades.

O Relatório destaca a rápida expansão da educação superior, tal como ocorre na China, onde o número de estudantes aumentou mais de cinco vezes entre 1999 e 2012. Na Rússia, esforços para aumentar o intercâmbio e a cooperação entre estudantes e universidades, como a Rede de Universidades dos países BRICS, encabeçada pelo próprio país, enriquecem o aprendizado. Na África do Sul, a superação das desigualdades vindas do regime do apartheid se tornou um tema central da reforma educacional, o que fornece valiosas experiências para todos os países comprometidos em enfrentar a desigualdade de forma geral.
Tanto a Índia como a China possuem os maiores sistemas educacionais do mundo, e com o compromisso desses cinco países em ampliar os esforços o bloco BRICS tem o potencial de se tornar líder em educação de qualidade. Por outro lado, milhões de estudantes se beneficiarão de melhores sistemas educacionais, que forneçam a eles habilidades e conhecimentos, para que possam transformar as sociedades e as economias.

O Relatório BRICS: construir a educação para o futuro traz 12 recomendações que delineiam áreas-chave de cooperação para melhorar os sistemas educacionais, a educação superior e o desenvolvimento de habilidades.

“Os países BRICS já transformaram o mapa mundial de educação, ao levar milhões de pessoas para a escola, estabelecer centros de aprendizado de nível mundial, promover inovações e compartilhar experiências e conhecimentos. Com uma cooperação mais efetiva na educação, apoiada pela UNESCO, o BRICS tem o potencial para ir mais além e mais rápido no aperfeiçoamento dos níveis educacionais e na obtenção da sustentabilidade de longo prazo”, disse Irina Bokova, diretora-geral da UNESCO.

Apesar de progressos claros, o grupo BRICS ainda tem desafios a enfrentar. Em alguns países, reformas econômicas, descentralização e privatização da educação resultaram em desigualdades mais profundas, com as crianças mais desfavorecidas sendo as que mais sofrem com a educação escolar de baixa qualidade. Apesar da grande expansão que tem ocorrido recentemente, apenas um em cada cinco jovens na Índia, e cerca de um em quatro na China, frequentam a educação superior.

Nos países BRICS, a pobreza e a desigualdade de gênero continuam a se refletir no ciclo de aprendizagem e, da mesma forma, podem restringir as capacidades de aprendizado das crianças. Comunidades que lutam para alimentar suas famílias enfrentam expectativas de danos ao longo de toda a vida, causados às capacidades de aprendizado das crianças, por meio dos efeitos da desnutrição.

Na 6ª Cúpula do BRICS, realizada no Brasil, em 15 de julho de 2014, os presidentes dos países do bloco afirmaram que a educação é a chave para o sucesso de longo prazo e reconheceram o fato de que realizar mais investimentos é essencial na educação, para enfrentar as desigualdades e fomentar continuamente o crescimento econômico.

“Para se avançar em direção a uma economia do conhecimento, será necessário fortalecer a cooperação no campo da educação, assim como desenvolver um sistema de articulações horizontais entre os países BRICS”, disse Dilma Rousseff, presidente do Brasil, durante a Cúpula do BRICS de 2014.

O BRICS já está envolvido em parcerias mundiais para a educação. Os países desempenharam um papel decisivo no movimento de Educação para Todos (EPT), coordenado pela UNESCO. Brasil, China e Índia pertencem ao grupo E9 de países com as maiores populações, que, desde 1993, tem facilitado a cooperação para se atingir a EPT.

Desde 2013, a UNESCO tem trabalhado em conjunto com os países BRICS, para apoiar esforços para fortalecer a cooperação na educação, para aumentar as oportunidades de aprendizagem de milhares de jovens nessas cinco economias emergentes e dinâmicas.

Leia a íntegra do Relatório: BRICS: construir a educação para o futuro aqui.