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Sustentabilidade: o suficiente para todos para sempre

Fernando Fernandez, presidente da Unilever Brasil. Foto: Divulgação/ Unilever
Fernando Fernandez, presidente da Unilever Brasil. Foto: Divulgação/ Unilever

A Unilever apresentou nesta quarta-feira (20) os avanços do negócio e do Plano de Sustentabilidade da companhia. Com provocações sadias o encontro discutiu também temas relacionados ao cenário atual da escassez da água, consumo consciente e inovação

 Por Elisa Homem de Mello –  

Após quatro anos do lançamento do Plano de Sustentabilidade, anunciado globalmente em 2010, a Unilever Brasil comemora conquistas que reforçam seu compromisso global de dobrar de tamanho, até 2020, ao mesmo tempo em que diminui pela metade a pegada ambiental e aumenta o impacto positivo na sociedade.

Os resultados positivos foram anunciados durante evento realizado no Teatro Vivo – Shopping Vila Olímpia, em São Paulo, no último dia 20 de maio e contou com a presença do Presidente da Unilever Brasil, Fernando Fernandez, além de Regina Gualda, Secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental, do Ministério da Agricultura.

Participaram ainda, durante o Painel “Escala para Impacto”, Samuel Barreto, Gerente Nacional de Águas The Nature Conservancy (TNC) e do Movimento Água para São Paulo (MAsSP); Édison Carlos, Presidente Executivo do Instituto Trata Brasil e Hélio Mattar, Diretor Presidente do Instituto Akatu.

Sustentabilidade em números

“Em 2010, 14% de nossas matérias primas eram provenientes da agricultura sustentável. Hoje, atingimos a marca dos 55% e esperamos chegar a 100%, em 2020”, ousou Fernandez. “Queremos assegurar que todos os agricultores ligados à companhia recebam o valor justo por seus produtos”. Com isso, a Unilever reafirma sua ideia de sustentabilidade e justiça social, através de negócios com base no fair trade.

Baseado no estudo do impacto social, econômico e ambiental do ciclo de vida de seus produtos, este é o 12º Relatório da companhia com base nas diretrizes da Global ReportingIniciative (GRI). O Plano de Sustentabilidade estabelece 3 metas globais a serem atingidas até a 2020:

  • ajudar mais de 1 bilhão de pessoas a adotar iniciativas que melhorem sua saúde e bem-estar;
  • reduzir pela metade a pegada ambiental de seus produtos;
  • melhorar as condições de vida de centenas de milhares de pessoas à medida que aumenta seu marketshareno país.

Mas apesar destes três marcos que cerceiam o Plano de Sustentabilidade da companhia, a grande estrela do evento foi a água. Entre os compromissos anunciados mundialmente pela empresa, está a redução do consumo hídrico pela metade, até 2020. Em 2014, todas as medidas de uso racional de água nas fábricas da Unilever totalizaram uma redução de consumo de quase 79 mil m3.

E, apesar de seguro, Fernando Fernandez, Presidente da Unilever Brasil, colocou bastante seriedade e preocupação no tom, ao afirmar que 50% dos negócios da empresa dependem do consumo de água. A mudança de hábitos gerada por conta da crise hídrica atual, segundo ele, fez com que o mercado passasse a enxergar o problema como questão de sobrevivência para a população do Planeta. Fernandez disse: “Está acontecendo no Brasil, na Califórnia, na Índia, em toda a parte. O problema hídrico é muito, muito grave e a Unilever está determinada a assumir uma posição de liderança neste tema e mudar todas as nossas práticas. Acreditamos que existe uma quantidade enorme de CO2 e de água que podem ser poupadas se houver trabalho em conjunto, para adotar um marco regulatório que seja mais estreito e que fomente inovação”, ao que a plateia pode interpretar também como fomento às iniciativas fiscais.

Fernandez recebeu das mãos da Secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental, do Ministério da Agricultura, Regina Gualda, um relatório, reiterando o apoio governamental à instituição.

Não ficou claro, no entanto, se a Secretária compreendeu o tamanho do desafio de sua pasta. Principalmente, após o Presidente da empresa no Brasil ser categórico: “Estamos inclusive dispostos a compartilhar nossa tecnologia se isso for preciso para alinhar todas as indústrias do mundo. Este é o nível de nossa abertura. Pois achamos que esta é a solução para um problema que põe em risco toda humanidade”.  

Foto: Unilever
Foto: Unilever

Saúde e Higiene

Em 2013, foi lançado o programa Vim para Unicef, com o objetivo de levar o tema hídrico e de saneamento básico a escolas do semiárido brasileiro. O alcance do projeto, em 2014, chegou a 1,1 mil municípios, com base na meta estabelecida um ano antes, de 250 mil jovens e crianças.

O Programa Lifebuoy, em parceria com a Pastoral da Criança, incentiva o hábito de lavar as mãos. Durante o 3º trimestre de 2014, as ações implementadas contribuíram para queapenas 5,6% de quase 1,3 milhão crianças acompanhadas, diagnosticassem diarreia.

Nutrição

 Becel Pro Active Village – Uma Cidade, um Desafio, programa realizado no município paulista de Santo Antônio do Pinhal, no Vale do Paraíba, adotou uma dieta balanceada. O resultado não poderia ser mais saudável: 82% dos mais de 1 milhão de participantes apresentaram redução no nível de colesterol, baixando em, pelo menos, 5% os níveis de LDL. O colesterol LDL é um dos responsáveis pelas doenças cardiovasculares.

Água e Energia

Aumento de 6% para 36% na redução do consumo de água, entre o período de 2013 e 2014.

De 2008 a 2014, a Unilever atingiu a marca de 39% da energia consumida proveniente de fontes renováveis.

Meio Ambiente

No mesmo período, a companhia reduziu em 35% a emissão de GEE, e tem meta para 2020 de reduzir pela metade sua pegada ambiental. 

Foto: Elisa Homem de Mello
Foto: Elisa Homem de Mello

PAINEL: Escala de Impacto 

O evento Plano de Sustentabilidade da Unilever contou com um Painel à parte, cujo tema foi, sem dúvida, o carro chefe da manhã: Segurança Hídrica. 

Olhando para frente e com base no recente relatório lançado pela ONU, onde em 15 anos deveremos ter no business as usual, ou seja, no modelo tradicional de negócio, uma redução de 40% da disponibilidade hídrica, Samuel Barreto, Gerente Nacional de Águas The NatureConservancy (TNC) e do Movimento Água para São Paulo (MAsSP); Édison Carlos, Presidente Executivo do Instituto Trata Brasil e Hélio Mattar, Diretor Presidente do Instituto Akatu, concordam com a importância da união dos diferentes setores. Esta é, portanto, uma corrida contra o tempo, onde devemos sugar o máximo de informações e compartilhá-las para aprendermos, na maior brevidade a gerenciar melhor os riscos hídricos, sejam eles físicos, regulatórios, de reputação ou financeiros.

O maior recado do Painel “Escala de Impacto” foi que em time que está ganhando se meche sim! Até porque, o ponto de vista agora é outro. Visar lucro, sim. Crescer, sim. Mas lutar pelo Planeta, sim também. Atualmente, consumimos um planeta e meio para sobrevivermos. Mais de 70% da Terra é coberta por água e, no entanto, 768 milhões de pessoas não contam com acesso a água tratada. Parece intangível que até 2020 não consumamos os 4 planetas previstos para nossa sobrevivência no mundo.

O business unusual deve ser encarado como aquela “equação impossível” dentro do modelo tradicional de negócio já existente numa companhia, pois daqui para frente, toda e qualquer mudança que colabore ou atue no sentido da preservação dos recursos naturais e da melhoria da população será bem-vinda e será o Norte da Unilever. Está claro que o que temos feito hoje em matéria de segurança hídrica não é o suficiente para chegarmos lá, no médio e longo prazo. “Não vejo, infelizmente, a infraestrutura verde, que é parte importante da situação, inserida na resposta que buscamos”, lamentou Samuca, da TNC. A escalada final é a influência da governança, do esforço conjunto e da coalisão de atores, entre os líderes dos diferentes setores.

“Nossos dados de saneamento são do século XIV”, exclamou Édison Carlos do Instituto Trata Brasil. De fato, os índices permeiam a linha da vergonha em se tratando da cidade mais populosa e um das mais ricas do hemisfério sul do Planeta (isoladamente, a cidade de São Paulo representa 11,5% de todo o PIB brasileiro). As perdas com distribuição hídrica chegam a 34,4%, gerando perdas no faturamento de aproximadamente 30%. “Para mudar, precisamos conhecer a realidade e provocar de maneira sadia todos os setores”, deu o recado Édison Carlos.

Acesse na íntegra o Relatório de Sustentabilidade 2014 da Unilever.

(#Envolverde)