Por Ciência na Rua
Um estudo publicado pela Scientific Reports aponta que quase 17 milhões de vertebrados, incluindo mamíferos, répteis e aves, morreram nos incêndios ocorridos no Pantanal no ano de 2020.
O bioma, que é a maior região de planície alagada do mundo, abrangendo áreas do Brasil, Bolívia e Paraguai, foi atingido numerosas vezes pelo fogo naquele ano.
As queimadas impactaram cerca de 4,5 milhões de hectares, o que corresponde a 30% do Pantanal e representa 22 vezes a área queimada entre 2000 e 2018.
Quando bombeiros e voluntários lutavam contra as chamas, encontraram onças com patas chamuscadas, antas com manchas vermelhas por toda a pele a e corpos de jacarés que não haviam conseguido fugir a tempo.
Os pesquisadores chegaram a essa estimativa conduzindo pesquisas por amostragem à distância, trabalhando com equipes locais para caminhar ao longo de trechos do Pantanal e contar o número de animais mortos que encontravam.
Entre agosto e novembro de 2020, eles percorreram 115 quilômetros do Pantanal, visitando alguns lugares pouco depois dos incêndios.
Legenda: membros da ONG Panthera trabalhando no combate a incêndio no Pantanal (foto: Fernando Tortato / Panthera)
A equipe identificou mais de 300 animais em nível de espécie ou gênero. A maior parte eram cobras, aves e roedores, mas também encontraram primatas, jacarés e tamanduás.
O número de animais encontrados mortos nos incêndios de 2020 no Pantanal foi “espantoso”, dizem os pesquisadores.
Contudo, eles observam que é provável que a estimativa esteja subestimada, uma vez que alguns podem ter morrido no subsolo, enquanto outros podem ter sucumbido mais tarde devido a queimaduras, perda de alimentação ou aumento da predação à medida que foram sendo deslocados pelas chamas.
Walfrido Tomas, da divisão Pantanal da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agroupecuária) - autor principal do estudo.
Embora saiba-se que os incêndios ocorrem naturalmente no Pantanal, especialistas dizem que a maior parte dos incêndios de 2020 começaram a partir de práticas de corte e queima de pasto para a pecuária.
Acredita-se também que as mudanças climáticas e a contínua estiagem estejam exacerbando a situação, tornando o Pantanal mais seco e mais suscetível ao fogo, já que em 2020, a maior planície alagável do planeta viveu a pior seca dos últimos 50 anos.