A AMAZÔNIA QUEIMA

O garimpo e extração de madeira ilegais podem ser a causa de 442 focos de incêndio na Amazônia Legal no primeiro trimestre.

A informação está no Relatório de Focos de Calor, elaborado pelo Centro de Estudos da Synergia, consultoria socioambiental que monitora e analisa as 10 áreas protegidas na Amazônia Legal que mais apresentam focos de calor.

442 FOCOS DE INCÊNDIO

A Amazônia Legal vem sofrendo impactos relacionados ao processo recente de uso e ocupação do solo. Somente no primeiro trimestre de 2022, 442 focos de incêndio foram detectados em áreas protegidas (Unidades de Conservação e Terras Indígenas).

De acordo com o documento, é possível notar que os focos de calor no primeiro trimestre desse ano aconteceram em regiões onde:

Há  registros recentes de ocupações, principalmente por conta de garimpos ilegais  – como é o caso das áreas próximas ao Rio Negro;

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Há  intensificação de conflitos históricos de ocupações irregulares de terras, extração ilegal de madeira e garimpos ilegais – como é o caso de Terras Indígenas localizadas em Roraima: Yanomami, São Marcos e Raposa Serra do Sol, essa última com 154 focos nos meses de janeiro, fevereiro e março de  2022.

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TABELA 1: QUANTIDADE  DE FOCOS DE INCÊNDIO POR ÁREA PROTEGIDA  NOS PRIMEIROS 3 MESES DE 2022.

As 5 Unidades de Conservação que mais apresentaram focos de calor neste primeiro trimestre de 2022 são do grupo de Unidade de Uso Sustentável, mais especificamente na categoria de Área de Proteção Ambiental (APA).

“Entendemos que os focos de calor estão relacionados com a permissão de práticas de atividade humana dentro de seus territórios, consequência do abrandamento da legislação e ausência de fiscalização para exploração.”

Marcos Vinícius Quizadas de Lima, coordenador de geoprocessamento na Synergia e responsável pela análise.

Muitas das interações acontecem como método de limpeza de terrenos, para renovação da vegetação e início de temporada de plantio também.

Porém, este não parece ser o caso quando se olha para o recorte específico desse estudo, já que essas são áreas protegidas que na totalidade abrigam grande biodiversidade, riquíssima cultura e importantes contextos sociais.

YANOMAMI

Manchetes dos principais jornais do país destacaram, há algumas semanas, o crescimento dos conflitos entre garimpeiros ilegais e populações indígenas, inclusive com sequestro e morte violenta de uma criança Yanomami de 11 anos.

O relatório da Synergia também se destaca essa terra, indicando que a terra indígena Yanomami figura entre as quatro com maior concentração de focos de incêndio no primeiro trimestre.

Esses focos foram registrados próximos à fronteira com a Venezuela, território palco de intensas investidas de garimpos ilegais.

MAIOR INCIDÊNCIA DE FOCOS

A Terra Indígena (TI) Raposa Serra do Sol registrou 154 focos e é, de longe, a região mais afetada, segundo o estudo. Com histórico de intensos conflitos, esse território é alvo de expansão agrícola irregular, exploração ilegal de madeira e invasão por garimpos ilegais.

“Para nós, que vivenciamos os desafios amazônicos em nossa atividade profissional, a cada dia torna-se mais urgente alertar sobre esses focos de calor. O primeiro trimestre já indica que 2022 apresentará um cenário de intensas queimadas e desmatamento se não houver reforço das políticas de fiscalização.”

Marcos Vinícius Quizadas de Lima, coordenador de geoprocessamento na Synergia e responsável pela análise.

ACESSE O RELATÓRIO NA ÍNTEGRA