Luciana Constantino para a Agência FAPESP
Estudantes que antes da pandemia de COVID-19 já apresentavam problemas de saúde mental aderiram menos às aulas on-line durante o período de isolamento social.
Mesmo tendo acesso à internet, esses alunos deixaram de participar das atividades escolares.
Esses são os principais achados de um estudo realizado por pesquisadores brasileiros e que comparou os efeitos de sintomas mentais dos mesmos jovens antes e durante a pandemia.
Entre esses sintomas estão, por exemplo, hiperatividade e problemas de relacionamento com colegas ou de comportamento.
O trabalho foi publicado na plataforma PsyArXiv Preprints, da Society for the Improvement of Psychological Science, e aguarda o processo de revisão por pares.
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Neurocientista Patrícia Pinheiro Bado, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e primeira autora do artigo.
A pesquisa teve apoio da FAPESP e englobou uma amostra de 672 estudantes entre 16 e 24 anos com acesso à internet. Desses, 511 se matricularam nas aulas on-line e 161 (31,5%) não se inscreveram na educação a distância enquanto as instituições estavam fechadas.
Os cientistas queriam investigar dois pontos principais: se problemas de saúde mental anteriores à pandemia estavam associados ao acesso à aprendizagem on-line e se aqueles que aderiram ao ensino a distância teriam menos problemas de saúde mental durante o isolamento.
A conclusão foi que apresentar sintoma prévio de transtorno mental aumenta em 6% a chance de o jovem não acessar as aulas on-line.
Os pesquisadores não encontraram, durante a avaliação dos resultados, uma associação entre estar em aula on-line e desenvolver sintomas mentais.
A análise por sexo também teve impacto na adesão a essas aulas: meninas apresentaram 2,3 vezes mais chance de estarem matriculadas no ensino a distância se comparadas aos meninos.
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Neurocientista Patrícia Pinheiro Bado, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e primeira autora do artigo.
Acesse o estudo completo.