Cientistas apontam ações urgentes para recuperação da Amazônia
O Relatório de Avaliação da Amazônia 2021 foi lançado durante a 26ª Conferência das Partes (COP26), que aconteceu entre outubro e novembro de 2021, em Glasgow, na Escócia.
Ele é assinado por 200 cientistas e pesquisadores que se uniram a pedido da Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (SDSN) para formar o Painel Científico para a Amazônia (SPA).
Trata-se de um grupo para debater e analisar a situação da Floresta Amazônica.
Eles produziram este documento, que especifica o contexto amazônico e aponta ações urgentes a serem tomadas, com o objetivo de conservar a floresta e seus povos.
Um dos principais apontamentos é necessidade de conter o avanço do desmatamento e queimadas na Amazônia, antes que a área alcance o chamado ponto de não retorno, resultando em uma perda permanente da floresta tropical.
O Brasil, que responde por 60% da Bacia Amazônica, lidera o ranking de perda de área da floresta, com 457.237 km² de área desmatada entre 1988 e 2020.
Os dados chamam a atenção para os anos de 2019 e 2020, período em que o desmatamento anual foi superior a 10.000 km², nível não alcançado desde 2008.
O relatório indica que, 17% da Amazônia foi convertidas para outros usos da terra epelo menos outros 17% foram degradados, com a expansão da agropecuária, especialmente a pecuária, sendo o fator principal do desmatamento na Amazônia.
Apesar de se estender apenas pela América do Sul, a Amazônia desempenha um importante papel para todo o mundo.
Tudo isso porque a Amazônia atua como um “ar-condicionado” gigante ao reduzir a temperatura da superfície da Terra e gerar chuvas.
Os níveis de precipitação na floresta também impactam na vazão de rios, colaborando com 16 a 22% do total de rios que chegam aos oceanos do mundo.
Além disso, serve como um “sumidouro” de carbono, um dos gases do efeito estufa, tendo entre 150 a 200 bilhões de toneladas de carbono armazenados no solo e na vegetação.
Para os cientistas integrantes do SPA, para recuperar a floresta e seu ecossistema é preciso priorizar as mais de 47 milhões de pessoas que vivem na Amazônia.
Incluindo aproximadamente 2,2 milhões de indígenas distribuídos em torno de 400 grupos e que falam mais de 300 idiomas.
Evidências estatísticas mostram que os homicídios aumentam com o desmatamento, devido ao violento processo de apropriação de terras e de deslocamento das comunidades tradicionais.
O desmatamento também intensifica a propagação de doenças.
Os pesquisadores elencaram dez eixos prioritários de ação para para uma Amazônia Viva, apoiada no desenvolvimento de políticas inovadoras de bioeconomia e estruturas institucionais para o bem-estar humano-ambiental; e no fortalecimento da cidadania e da governança amazônica.
Promover a gestão com base em evidências científicas.
Parar e controlar a propagação de incêndios florestais.
Acabar com o desmatamento e as mudanças no uso da terra.
Financiar agências fiscalizadoras.
Revisar os impactos ambientais dos projetos de infraestrutura.
Fortalecer códigos e padrões florestais.
Financiamento internacional em larga escala.
Proteger os povos e comunidades indígenas.
Certificar cadeias de suprimentos.
Expandir o monitoramento científico.
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Estamos diante de um trabalho que servirá de referência para ações seguras direcionadas à inclusão social, geração de renda, redução dos impactos climáticos e conservação ambiental do bioma amazônico”.