Desmatamento na Amazônia cresce 70% nos primeiros meses de 2022

amazônia

Em abril de 2022, o sistema de alertas de desmatamento em tempo real do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) registrou uma área de 1.012 km² sob alerta na Amazônia — aumento de 75% em relação ao mesmo mês de 2021 (580 km²).

É o pior resultado para o mês de abril desde 2016. Valor como este costuma ser atingido somente em maio e junho, quando chegamos próximo do pico sazonal de desmatamento.

Os Estados em pior situação foram Amazonas (347 km²), Pará (287 km²) e Mato Grosso (242 km²).

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O contexto forma uma tempestade perfeita. Internamente, temos três anos de impunidade, com redução das ações de controle, fiscalização e autuação, agravados em 2021 por um discurso ainda mais permissivo por causa da temporada eleitoral.

Raul Valle,

diretor de Justiça Socioambiental do WWF-Brasil.

Outro aspecto que impacta neste cenário é a guerra entre Rússia e Ucrânia, que faz aumentar a escassez de produtos e, consequentemente, o valor das commodities, fazendo vigorar a falsa ideia de que é necessário desmatar mais para produzir mais.

Entre janeiro e abril, acumulam-se 1.954 km² de área desmatada na Amazônia, valor 69% acima do mesmo período em 2021, que registrou 1.153 km².

é apenas o começo

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Esse valor é extremamente alto para esse período, que marca o início do período da seca na Amazônia quando o desmatamento costuma aumentar. É um alerta da imensa pressão que a floresta está sofrendo nesse ano.

Mariana Napolitano,

gerente do WWF-Brasil para Ciências.

ilegal

Esse desmatamento é majoritariamente ilegal, causado principalmente pelo aumento no roubo de terra pública (grilagem) e do garimpo ilegal.

A divulgação dos dados de desmatamento ocorre em meio à votação do “Pacote Verde” no STF (Supremo Tribunal Federal), que inclui ações que podem barrar a destruição.

congresso nacional e stf

Entre os textos analisados pela Corte estão:

ADPF 760, que pede a retomada do PPCDAm (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia) e o cumprimento das metas climáticas do Brasil; e da ADO (Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão) 54, que negligência a administração federal no combate ao desmatamento.

No dia 6 de abril, o julgamento foi interrompido a pedido do ministro André Mendonça, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro ao cargo, que solicitou mais tempo para analisar os processos.

A divulgação dos dados de desmatamento ocorre em meio à votação do “Pacote Verde” no STF (Supremo Tribunal Federal), que inclui ações que podem barrar a destruição.