EDUCAÇÃO SEM RUMO

Mais da metade dos países não têm estratégias para recuperar aprendizagem, segundo um relatório conjunto divulgado pela UNESCO, o UNICEF e o Banco Mundial.

O documento destaca níveis impressionantes de perda de aprendizado durante a pandemia da COVID19 em todo o mundo e faz um balanço das medidas tomadas pelos países para mitigar a situação à medida que as escolas reabrem.

O relatório ‘Onde estamos na recuperação da educação?’  destaca que menos da metade dos países está implementando estratégias em escala para que os alunos possam recuperar a aprendizagem perdida durante a pandemia.

Enquanto os países lutam para se recuperar, eles estão negligenciando a única e mais eficaz ferramenta de recuperação e sustentabilidade de longo prazo – a educação.

O documento é baseado em uma pesquisa de 122 escritórios do UNICEF administrada no início de março de 2022.

Os dados revelam que apenas metade dos países de baixa renda tem um plano em vigor para avaliar onde os que retornaram estão em seu aprendizado. Um quarto destes países não têm sequer dados para mostrar quantos estudantes retornaram à escola.

“A menos que todos os países implementem e expandam programas no próximos meses, correm o risco de perder uma geração.”

Stefania Giannini, diretora-geral adjunta de Educação da Unesco, Robert Jenkins, diretor global de Educação do UNICEF, e Jaime Saavedra, diretor global de Educação do Banco Mundial.

No total combinado, 2 trilhões de horas de aulas presenciais foram perdidas devido ao fechamento de escolas desde março de 2020.

Isso significou que estudantes em mais de quatro em cada cinco países ficaram para trás em seu aprendizado e as crianças mais vulneráveis – aqueles que vivem na pobreza e em áreas rurais, crianças com deficiência e os estudantes mais jovens – viram a sua aprendizagem regredir.

As habilidades básicas e fundamentais sofreram prejuízos em muitos países. As crianças esqueceram como ler e escrever; algumas são incapazes de reconhecer letras.

As crianças que estavam prestes a começar a escola pela primeira vez nunca tiveram a chance de aprender essas habilidades, já que a educação infantil foi interrompida na maioria dos países.

Segundo os representantes das agências da ONU, mesmo com repetidos avisos, ainda não está sendo feito o suficiente para recuperar as perdas.

“Em um momento em que é mais necessário, o financiamento da educação tem sido desesperadamente insuficiente.”

Representantes das agências da ONU em documento oficial.

Os países alocaram em média 3% de seus pacotes de estímulo econômico de resposta à covid-19 para a educação. Nos países de renda baixa e média-baixa, a alocação foi inferior a 1%.

As agências recomendam aos governos redobrar os esforços para levar todas as crianças à escola, lembrando que a educação é um direito humano fundamental.

O ensino deve ser ajustado para o nível em que elas estão atualmente em sua aprendizagem. Os professores devem receber a formação, o apoio e os recursos de que necessitam. E, finalmente, as escolas devem ir além dos locais de aprendizagem e apoiar o bem-estar e a segurança das crianças.

“Este é um momento ‘agora ou nunca’ para agir e transformar a educação para salvar esta geração.”

Representantes das agências da ONU em documento oficial.