Por Julia Faria Peixoto para o Fauna News*
A poluição nos oceanos piorou com a pandemia de Covid-19.
Muitos equipamentos de proteção individual descartáveis, como máscaras e luvas, assim como embalagens de isopor e plástico, utilizadas compras no sistema delivery, têm chegado às águas oceânicas, afetando negativamente a fauna marinha.
Dados do Panorama de Resíduos Sólidos do Brasil 2021 mostram que a geração de resíduos sólidos urbanos no país alcançou um total de 82,5 milhões de toneladas geradas em 2020, o que significa 225.965 toneladas diárias.
Com isso, cada brasileiro gerou, em média, 1,07 quilo de resíduos por dia. Em 2019, segundo a entidade, o Brasil gerou 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos.
Sendo um país de grande extensão costeira e de intensa ramificação hídrica, o Brasil contribui com cerca de 2 milhões de toneladas de resíduos sólidos que chegam ao mar anualmente, de acordo com estimativas do relatório “Prevenção ao Lixo Marinho – Agora!”.
Ademais, calcula-se que, em todo o mundo, mais de 25 milhões de toneladas de resíduos sólidos são despejados nos oceanos todos os anos. Desse total, 80% são provenientes das cidades.
Uma análise produzida pela Universidade de Queensland, na Austrália, aponta que a contaminação dos oceanos, principalmente por plásticos, é responsável pela morte de cerca de 100 mil animais todos os anos.
Em contato com estes detritos, os animais marinhos podem sofrer graves lesões, asfixia e comprometimento e falência dos órgãos do sistema digestivo quando são ingeridos.
Também há casos de perda de mobilidade quando o animal enrosca suas patas, asas ou nadadeiras em resíduos, o que o impede de realizar comportamentos essenciais para sua sobrevivência, como fugir de predadores, nadar/voar e, inclusive, se alimentar.
Foi o caso de um golfinho (Sotalia guianensis) encontrado morto em uma praia do litoral norte paulista pelo Instituto Argonauta, que apresentava uma tira de chinelo enroscada em seu focinho e que impedia o animal de consumir alimentos.
Já como vítima do descarte inadequado do lixo pandêmico, tem-se o caso do pinguim-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus), cuja causa da morte está atrelada a uma máscara encontrada em seu estômago.
Além disso, outro impacto causado pelo descarte incorreto ocorre através da contaminação das águas. Isso porque o processo de decomposição do plástico libera, ao longo do tempo, partículas cada vez menores e mais difíceis de serem removidas do ecossistema.
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* Julia Faria Peixoto é aluna de Jornalismo da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e integrante do portal Impacto Ambiental para o Projeto Nova Geração.